Um movimento especial que vivi na corrida

Foto: Guto Gonçalves

Na semana passada, teve a corrida Movimento Pela Mulher, idealizada pela Gabi Manssur, Debs Aquino e sem dúvidas, a prova foi um sucesso com 2 mil inscritas e um evento com atletas de todos os níveis desde o amador até o caminhante.

Eu estava inscrita para os 10km, depois resolvi correr apenas 5km e depois voltei atrás. Não estava atrás de um recorde pessoal na prova porque no dia anterior fiz um longo muito pesado e estava me sentindo cansada. Mesmo assim, não estava disposta a correr “passeando” já que eu não coloco número de peito para brincar.

Corri uma parte ao lado de uma amiga, mas de repente o “turbo ligou” e comecei a sentir aquele ritmo meio lento – e resolvi aumentar. Aumentei e na metade da prova, vi uma menina loira, a Amanda, correndo bem forte e resolvi colar nela.Recuperei, corremos uns 3km juntas e nos últimos 2km, outra menina loira veio correr com gente. Seu nome era Fernanda.

Percebi que a Amanda estava ficando meio cansada, mas eu ainda me sentia forte e sabia que estávamos todas correndo pareadas em 5 lugar. Em determinado momento mesmo que cansada, seria ótimo se pudesse ajudar alguém a conquistar um lugar no pódio. Então eu e a Fernanda encaixamos num ritmo ainda mais forte e fomos nos ajudando até a chegada.

Ela disse: “Vai!”

Eu disse: “Não, vai você!”

Ela: “Não, você!”

Eu: “Vai, é pódio e tem prêmio!”

Sei que mulheres separadas sempre são fortes, mas juntas somos invencíveis. Foi maravilhoso viver essa experiência, ver a Fernanda subir no pódio e sei que muitas mulheres no lugar dela não teriam a mesma atitude de “vamos juntas”, pois a vontade de ganhar quase sempre é muito maior do que a vontade de compartilhar o momento.

Não costumo alinhar com ninguém muito mais forte do que eu mas quando me ligo que temos o mesmo ritmo (isso a gente aprende com o tempo) é muito mais legal se ajudar – e ganhar uma nova amiga.

Além da Amanda e da Fernanda, conheci também uma outra mulher que estava correndo e me contou que estava voltando, pois havia descoberto um câncer e tinha terminado o tratamento a pouco tempo.

Esses momentos que vivi ao lado dessas meninas representou exatamente o espírito do Movimento Pela Mulher e o significado da palavra sororidade. Acredito que o esporte precisa da energia da competição, mas também acredito que duas competidoras podem se unir até o final. E olhando para aquelas mulheres tão fortes me fazendo correr até o limite, comecei também a pensar até quando será que consigo correr rápido e quando terei que aceitar a queda na performance e as adversidades que a idade traz.

Mas isso é assunto para outro post, enquanto a idade não chega a gente segue treinando para sempre buscar melhorar nosso melhor, certo?