Além da embalagem

Não se deixe enganar por promessas: leia sempre o rótulo dos alimentos

Nunca fui fã dos sutiãs maravilha. Tudo bem dar uma levantadinha no visual, mas não via vantagem naqueles que levantavam, juntavam, aumentavam, torneavam. Sou a favor de valorizar o conteúdo, mas para que jogar a expectativa lá em cima se ela literalmente não se sustenta?

A mesma regra se aplica a muitos produtos industrializados. Na parte da frente da embalagem, as promessas: detox, light, natural, rico em vitaminas, fonte de fibras. Mas basta uma viradinha e uma checada na lista de ingredientes para vir a decepção. Você acha que vai beber suco e suga um monte de açúcar, água, conservantes, aromatizantes e corantes, com apenas algumas gotas de suco de verdade. Pensa em esquentar o corpo com uma bela canja de galinha, mas queima a língua com arroz, amido, glutamato monossódico (realçador de sabor ligado a depressão e obesidade), maltodextrina (glicose), gordura de galinha, açúcar… e um teco de carne de galinha. No peito de peru “light” vem peru, claro, mas também sal, proteína de soja, açúcar, estabilizante, espessante e conservante.

É nessa sequência mesmo. Porque os ingredientes aparecem sempre em ordem crescente: daquele em maior concentração para o em menor. E os nomes estranhos da lista estão lá para prolongar a vida útil dos alimentos ou para dar mais sabor, cor, cremosidade. Mas fico pensando: como fica nosso corpo depois de anos, décadas de consumo exagerado de substâncias com nomes impronunciáveis?

Muitos produtos ainda trazem “camuflados” sal e açúcar, que são altamente viciantes – o que é ótimo para a indústria e péssimo para a sua saúde e sua circunferência abdominal. Você sabia que tem muito alimento por aí posando de docinho e que no fundo é bem salgado? Tanto no biscoito recheado (30g) como no achocolatado líquido (200 ml) há 120 mg de sódio. Na granola, há uns 140 mg por ¾ xícara ou 40g. Na mistura para bolo de chocolate, são cerca de 300 mg de sódio a cada 40g!

E a recíproca é verdadeira: há também muito açúcar nos salgados. Ele é o quarto ingrediente (entre 15) do caldo de carne, rei do sódio. No amendoim japonês, é o terceiro, antes do sal. No catchup, o segundo – só perde para a polpa de tomate. No molho de tomate, são 12g por porção, a mesma quantidade encontrada em uma fatia de bolo. O açúcar aparece até na lasanha congelada, na sopa pronta, no shoyu.

A gente já sabe que deve priorizar alimentos frescos e integrais. Mas, na correria, algumas refeições vêm em embalagens, saquinhos, latas, caixinhas…Então é preciso criar o hábito da leitura. De rótulos. Alimento bacana para a saúde tem poucos ingredientes (até cinco, se possível), nenhum ou poucos nomes esquisitos e prazo de validade pequenininho (o que significa que não leva qui-los de conservantes). Para memorizar, pense: “se o produto tem vida curta, eu tenho vida longa”. Olhe além da embalagem, valorize o conteúdo. Você merece esse respeito.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here