Fernando Sellos

Depoimento a Gabriela Ingrid

Sempre pratiquei esportes. Fiz natação durante 15 anos, mas nos anos 1980 comecei com a musculação – foi quando a corrida também surgiu na minha vida: treinava para melhorar a parte aeróbica. No final de 2012, fui um dos executivos contratados para assumir o projeto do Aeroporto Internacional de Guarulhos, quando ele foi concedido à iniciativa privada. Isso tomou grande parte da minha agenda, e tive que parar de me exercitar.

Tenho uma herença genética que me impede de ficar parado. Meu pai, meu avô e meu tio tiveram problemas cardíacos, então eu não tenho a opção de não cuidar da saúde. Descobri que tinha uma calcificação nas coronárias em dezembro de 2013. Assim que saiu o diagnóstico, comecei a correr.

Pensei em estreiar nos 10 km, mas achei pouco. Resolvi me inscrever em uma prova de 21 km, em agosto de 2014. Conclui a primeira meia em 1h43, aos 50 anos. Acho que me surpreendi tanto que quis mais. Fiz a Napa Valley Marathon, na Califórnia (EUA), em março deste ano, em 3h25min17 – tempo que me garantiu o índice para a Maratona de Boston de 2016.

Completo um ano de provas em agosto de 2015. Meu principal objetivo é a Maratona de Amsterdã em outubro, e quero fechá-la abaixo de 3h20. Para isso, treino quatro vezes por semana e faço de 50 a 55 km semanais. Hoje meu pace é de 4min47/km, mas estou me aperfeiçoando. Percebi que gosto muito de correr maratonas. Quero que os 42 km sejam uma preparação para um desafio maior, talvez a ultra Comrades, de 89 km, na África, em 2017.

Faço viagens longos de moto, já conheci a maioria dos países da América do Sul assim. A corrida é um esporte que me acompanha em qualquer lugar. Ela tem muito a ver com a minha dinâmica de vida. Tenho uma série de responsabilidades no trabalho, e a corrida traz o desejo do aperfeiçoamento, da disciplina, da dedicação.


Eu treino muito sozinho e sem música. Esse momento só comigo me prepara mentalmente para as competições. Quando vou para uma prova é um auê danado, mas gosto dessa empolgação. Ela me motiva e não me atrapalha porque já adquiri a capacidade de manter o foco. A energia que só a prova tem soma para o meu resultado.