Super mulher

O começo

Com a companhia do marido, a carioca Nadjala Richard João, de 33 anos começou a correr em 2010 tendo como plano de fundo o Aterro do Flamengo, seu quintal de casa. Inspirada pela sensação de bem-estar que a corrida a proporcionava, Nadjala virou fã das distâncias de 5km e 10km e participou de muitas provas e circuitos no Rio de Janeiro.

Pouco tempo depois, percebeu que desejava ir além e colocou na cabeça cumprir duas metas: correr uma meia-maratona e maratona. Com o treinamento de uma assessoria esportiva, orientações técnicas de seu treinador e muita dedicação, ela venceu os desafios nas provas Golden Four Asics e na Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, em 2013, ano que viu o marido Rodrigo participar das ultras maratonas mais famosas do mundo, a Comrades com 89km. Foi no mesmo momento que sentiu que deveria participar no ano seguinte para se tornar uma ultramaratonista.

Após uma conversa com seu técnico, começou um treinamento específico para adaptar o seu corpo ao grande desafio e claro, ganhar resistência. Como treino, participou do El Cruce, em fevereiro de 2014, prova de 100km realizada em 3 dias que para Nadjala, foi uma experiência inesquecível. “Para mim, o Cruce foi uma experiência incrível, muita gente abandonou, mas eu segui em frente. Foi um ano difícil e com condições climáticas que só deixou a prova ainda mais desafiadora”, disse ela. Além de ganhar experiência, correr com determinação do começo ao fim, ela acabou com uma “pedra no caminho” que não esperava ganhar…

A pedra no caminho

Mesmo bem treinada, no segundo dia de competição, Nadjala terminou com uma lesão na perna direita, uma síndrome do piriforme e iliotibial. Sem poder andar direito e correr, ela entrou em desespero pensando em como faria para correr – em apenas quatro meses – a Comrades. Com o auxílio de um fisioterapeuta, trabalho de fortalecimento muscular e um mês longe das pistas, Nadjala voltou a correr no final de março e fez apenas três treinos longos para a corrida: um de 45km, outro de 55km e um de 65km, com muitas subidas.

Chegou na largada da prova com medo de sentir dor, mas se desligou do mundo.Largando da penúltima baia e com 12hrs exatas para completar a prova, Nadjala terminou a prova em 9hrs25min, passando pelos cinco pontos de cortes em sucesso. “Olhei poucas vezes no relógio porque queria correr sem preocupações. Terminar a Comrades foi um sonho cultivado por um ano, chorei em muitos momentos e para mim foi mágico, não senti o peso da quilometragem, e pelo contrário: corri leve e feliz!”. Realizada e sem o pesadelo da lesão, voltou para o Brasil convicta de que poderia fazer o que quisesse a partir de agora.

No ano de 2015 voltou para a prova para concluir o desafio “Back to Back”, para aqueles que fazem a prova nos dois sentidos em anos seguidos e receber a terceira medalha especial no mesmo ano que a prova completou 90 anos. Vestida de “Mulher-Maravilha”, Nadjala só confirmou o nome de sua fantasia e com a bandeira do Brasil na cintura, completou pela segunda vez a prova que a trouxe para o mundo das ultras e que a fez sonhar com novos desafios.

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