Maratona do Networking

De shorts, camiseta e tênis, todo mundo é igual. A frase não é nova, mas acho que poderia ser mais valorizada, ainda mais nos dias de hoje, em que tentamos driblar a crise. Ali, no treino longo de sábado ou na largada da prova, entre rostos suados, pernas fadigadas e pés cheios de bolhas, pode estar a pessoa que vai mudar a sua vida.

O networking está tão na moda que já virou déjà vu. Gente famosa vive dele. O empresário, apresentador de TV e agora candidato à prefeitura de São Paulo João Dória Junior criou um negócio milionário para geração de networking, o Lide – Grupo de Líderes Empresariais. Desse clubinho fazem parte os maiores empresários do Brasil, que participam de eventos de relacionamento para geração de negócios e convergência de pensamentos. A Consulting House é outra empresa que promove “encontros”. Em 2015 foram mais de 130 deles, que reuniram 3.100 executivos entre acionistas, presidentes, membros de conselho e diretores das mil maiores empresas do Brasil.

No universo da corrida, esse “clubinho” rola de graça e talvez com mais intensidade nos principais parques e academias dos centros urbanos. Não é difícil encontrar João Paulo Diniz, seu pai Abílio e outros membros da família (que atualmente são acionistas do Carrefour e, um dia, já foram do Pão de Açúcar) correndo pelo Parque Ibirapuera, em São Paulo. Gijs van Delft, presidente da Michael Page no Brasil, é maratonista e triatleta e frequenta a Cidade Universitária (USP) e os parques da cidade de São Paulo. Paulo Kakinoff, presidente da Gol Linhas Aéreas, está quase diariamente na academia e correndo ao ar livre. A lista é enorme: são empresários, executivos, pessoas importantes em momentos de lazer.

Anuar Tacach é maratonista, publicitário de sucesso, foi sócio de Roberto Justos e hoje é dono da agência de eventos OOF – Out of Office. Ele enxergou a oportunidade de gerar integração por meio da corrida. Criou a Corporate Run, corrida de rua entre empresas e seus funcionários. São mais de 15 mil inscritos e ocorre anualmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tem patrocinadores que fazem seus executivos se exercitarem. Todo mundo junto, lado a lado. O mais interessante é que ninguém consegue correr uma prova de 5, 10 ou 21 km sem treinar. É nesse momento que “tudo” acontece. É no começo da manhã, fim da tarde ou no treino de sábado que o hobby vira negócio. Sem perceber, estamos com uma pessoa que pode ser interessante. E não é apenas nos negócios, também pode ser no amor, na amizade e no descobrimento de uma nova tribo de amigos que pensa igual a você.

Definitivamente, de shorts, camiseta e tênis, todo mundo é igual, até descobrir que aquele amigo ou amiga pode ser seu novo chefe ou um novo caso de amor. O quebra-cabeça de quem é quem se encaixa naturalmente, mas, diferentemente da corrida, com pouco esforço.