A chave da recuperação

O que realmente pode ajudá-lo a ficar pronto para outra

Que o descanso faz parte do treino, boa parte dos corredores já entendeu. Ou, pelo menos, já sentiu na pele os efeitos de treinar mais do que a planilha manda, sem dar a devida trégua ao corpo.

Mas, quando falamos de descanso, não podemos generalizar, já que há níveis de condicionamento e objetivos diferentes entre os corredores. Algumas metas condizem com volumes maiores de treino que, quando somados a uma rotina intensa de trabalho e compromissos sociais, acabam pedindo métodos que potencializem os limitados momentos de recuperação.

Justamente pensando em otimizar essa recuperação, diversos especialistas e empresários do segmento esportivo têm, nos últimos anos, bombardeado a comunidade esportiva com métodos e tecnologias que prometem turbinar o período de descanso. Entre eles, a crioterapia e as terapias compressivas são as que merecem maior destaque.

A crioterapia é a exposição de regiões do corpo a baixas temperaturas. Os métodos variam desde a aplicação de sacos com pedras de gelo e imersão em tonéis ou banheiras com água e gelo (em temperaturas entre 15ºC a 5ºC) até câmaras de nitrogênio, que são espécies de cabines em que atletas entram com o corpo inteiro (só a cabeça fica para fora) e a temperatura chega a -110ºC. Apesar de os estudos ainda discordarem em relação à temperatura ideal, ao tempo de exposição e ao momento certo para a aplicação, a crioterapia parece de fato ajudar a reduzir a inflamação muscular e acelerar a remoção de metabólitos produzidos pelos músculos quando exigidos ao extremo.

Já a compressão tem se mostrado bastante útil na remoção do edema muscular gerado durante o exercício. Ela é feita tanto na forma estática – através do uso de peças compressivas, como meias e leggings – como na dinâmica, com as chamadas botas de compressão sequencial, que simulam uma massagem no tecido. Há as botas que massageiam sem alterar a temperatura da pele e há os modelos que ainda esfriam o local.

Entre as propostas mais recentes, também merecem destaque as câmaras de pressões positivas. O atleta repousa dentro de uma bolha com 99,9% de oxigênio, o que otimiza a absorção de oxigênio, as trocas gasosas, a chegada desse oxigênio à musculatura fatigada e a remoção de gás carbônico.

Eu acredito que uma rotina disciplinada e o uso da tecnologia podem fazer uma enorme diferença quando pretendemos explorar ao máximo nosso potencial físico. Mas, por mais revolucionário que seja o método, a base da “pirâmide da recuperação” sempre será uma adequada periodização das cargas de treinamento, uma dieta balanceada em termos energéticos, uma adequada ingestão de líquidos e noites de sono com pelo menos sete horas e realmente reparadoras.