O cara nasceu na Eritréia, tinha 10 irmãos e migrou para os Estados Unidos com a família, aos 12 anos, fugindo da guerra e da pobreza. Apesar de toda a dificuldade que iria enfrentar, num novo país, a sonoridade do nome de batismo, Mebrahtom, já anunciava o destino deste menino, ao rimar com a prova que o consagrou, a maratona (marathon, em inglês). Com vocês, Meb Keflezighi.
Com resultados expressivos em toda a carreira, incrivelmente, deixou o melhor para o final. Parece que seu corpo ignora os ponteiros do relógio! E ele adora surpresas. Em 2004, foi medalha de prata na maratona olímpica, em Atenas, chegando na frente do nosso querido Vanderlei Cordeiro de Lima, após o incidente lamentável que o tirou da liderança da prova. Nenhum americano havia ganho uma medalha olímpica em maratona, desde 1976, com a prata de Frank Shorter. Em 2008, drama. Não competiu, pois se lesionou seriamente durante as seletivas americanas, terminando em oitavo lugar.
Acabado, disseram vários. Ele mesmo teve dúvidas, mas persistiu. Em 2009, o prêmio: não apenas venceu a maratona de Nova Iorque, como bateu seu recorde pessoal, fazendo 2:09:15. Além disso, quebrou um jejum que vinha desde 1982, última vez que um americano havia vencido a prova. Em 2012, exorcizou seus demônios, com a vitória na seletiva olímpica. Foi quarto lugar em Londres, mas com novo recorde pessoal: 2:09:08.
E, quando ninguém mais acreditava, o sonho virou realidade. Em 2014, numa corrida inspiradíssima, foi o primeiro americano – novamente – a vencer em Boston, depois de 31 anos… e com 2:08:37. Novo recorde!
Mês que vem, no dia 5 de maio, completará 40 anos de vida. Ontem, a editora Rodale (mesma editora de títulos como a Runner’s World e a Mens Health) lançou, nos Estados Unidos, seu novo livro, “Meb for Mortals”. Desde já, recomendadíssimo, junto ao ótimo “Run to Overcome”, seu primeiro livro que conta sua bela história de superação. Ainda não há edição em português mas, para o corredor que lê em inglês, são obrigatórios. Selo de qualidade do Pangaré!