We Run México

(A primeira parte da minha viagem começou com uma saga no NTC e você confere aqui)

Apesar da intensa programação de Nike Training Club no sábado, o grande objetivo da viagem era correr a Nike Womens 21k no domingo. Os quase 2500 metros acima do nível do mar pesavam, não sei muito bem como funciona essa coisa de aclimatação, mas acredito que em dois dias não seja possível se adaptar a tamanha diferença e meu corpo sentia os efeitos como dores de cabeça, enjôo…

Um corredor responsável estuda o percurso, entende os pontos fracos e faz os ajustes necessários, certo? Muita gente me falou que o fator clima e altitude tornavam tudo mais difícil e etc, então parti do princípio que sofreria somente na hora de correr e não antes, e resolvi não olhar o percurso da prova. Ser irresponsável foi uma escolha.

Largamos às 7am na Fuente de la Diana Cazadora, bem pertinho do famoso monumento Angel de la Inpedendencia, uma paisagem sem dúvidas forte e inesquecível que fez eu me emocionar fortemente. Olhando em volta percebi que as meninas eram fortes, e a idade média das corredoras era acima de 30 anos de idade.

Além da altitude, dei de cara com uma prova cheia de subidas.Quem me conhece sabe que gosto de subidas. O Wanderlei (meu técnico) sempre insere esse tipo de treino na minha rotina e apesar de respeitar as subidas, não tenho medo delas.

Largamos, corri forte os primeiros 3 km e já senti algo errado, embora não soubesse exatamente o que.Os postos de hidratação eram com a bandeira da Powerade e o primeiro que ví pensei que só teria isotônico, o que me fez ir mais adiante sem pegar o copo.

O que estava errado ficou pior ainda sem hidratação e por vacilo meu, pois estavam servindo isotônico e água, eu que na pressa não prestei atenção…

Corri uns 6km sem hidratação e senti muita dificuldade em manter um ritmo bom.

As subidas começaram, eram curtas, mas inclinadas e uma atrás da outra. O ritmo que já não estava bom, ficou pior ainda e pensei seriamente em desistir. O nariz começou a sangrar, a vontade de ir ao banheiro apertou e lembrei que havia esquecido o gel. Não costumo ser irresponsável com alimentação e água, pois sei que a falta deles pode arruinar uma corrida, mas acabei sendo.

Naquele momento não tinha muita alternativa a não ser tirar da frente um KM por vez. Enquanto corria, a cabeça fritava nos pensamentos e concluí que seria bem ridículo ir até o México para desistir pela primeira vez no meio de uma prova, né? Papelão.

A paisagem e a torcida na rua ajudavam muito, só senti essa vibe na Maratona do Rio e de Chicago.As pessoas gritavam “vamos chicas!!” – e isso sem dúvida fez diferença. Pensei muito nas minhas amigas, nas meninas que me acompanham e tinha milhares de motivos para tentar ao máximo dar meu melhor, mesmo que naquele momento meu melhor não fosse lá essas coisas….

Vou confessar uma coisa: por mais que não tivesse planejado correr os melhores 21km da vida nesta prova, me senti…digamos… um pouco desconfortável em estar cara a cara com minhas limitações.

No começo do ano ganhei a corrida da Gillette no Rio, há algumas semanas peguei terceiro lugar na Fashion Run e na sequência, venci o desafio Bolt para blogueiras. É bem gostoso cumprir uma missão com louvor, mas é essencial saber lidar com uma missão cumprida com esforço, mas sem um resultado maravilhoso.

É um exercício mental e necessário para uma vida saudável na corrida. Terminei os 21km em 1h40 e com a sensação de ter sido a meia mais difícil que já fiz (meu melhor tempo na distância é de 1:34). Sei que as condições eram completamente diferentes, por isso me obriguei a fazer a lição de casa e entender que no México esses 1h40 foram meu melhor.

Ter um blog de corrida, treinar duro e conquistar algumas coisas é muito gostoso, mas muitas vezes me sinto na obrigação de ser tigrona como as atletas de ponta e tal, por isso acabo me esquecendo de todo o resto que acontece em volta.

Não tenho uma rotina de atleta, e não tenho que me cobrar o tempo inteiro de correr como tal. A frustração que senti quando parei o relógio durou bem pouco, me obriguei a valorizar meu esforço e tive certeza que a máxima da Nike fez sentido para mim: desperte seu melhor.

Nem sempre meu melhor de ontem será meu melhor de hoje, e assim tocamos o barco com tranquilidade e com a certeza de que corremos por n outros motivos se não ser a melhor!

Mais do que uma viagem incrível, na qual pude me sentir conectada com meu avô e minhas raízes, ela também foi uma viagem que me fez aprender a respeitar meus limites e a valorizar meu esforço.

A Nike Womens 21k ofereceu uma estrutura de prova impecável, com vários postos de hidratação, placas motivacionais a cada km e no final, lindos meninos de smoking entregando as medalhas/pingentes. O kit da prova também era legal e além da camiseta, tinha uma garrafa e algumas revistas, e uma bandana super útil para correr no frio!

Essa medalha, essa viagem e a lição com certeza ficarão guardadas com carinho no meu coração.