“Maratonear”? Sim, mas…

Saiu no site da Runner’s World Brasil: de 2009 a 2014, em um estudo conduzido por Jens Andersen, fundador do site runrepeat.com, que foi comprovado o aumento da popularidade das maratonas entre nós brazucas. Em 5 anos, crescemos 40% e esse número é totalmente coerente com o que se vê por aí. Ou seja, cada vez mais e mais gente correndo e “progredindo” nas distâncias. Aspas? Sim, porque eu pretendo justamente trazer um pouco mais de reflexão sobre estes números.

Quando começamos a correr, tudo é festa. Num dia caminhamos e trotamos e, se na semana seguinte já conseguimos mudar esta relação, nos sentimos os verdadeiros heróis. Em resumo, se o iniciante consegue ultrapassar a fronteira do desconforto e começa a apreciar o ato de correr, colhe benefícios de forma muito intensa. E pode se empolgar.

Aí que reside o problema. Segundo o americano Lewis Maharam, o “Doutor Corrida”, especialista em medicina esportiva e uma das maiores autoridades mundiais no esporte, hoje em dia existe tanta promoção por parte das corridas, especialmente as de longa distância que, mais do que competições, estas viraram celebrações. É a consagração do fetiche de ser reconhecido como corredor de longa distância. Enquanto isso, assistimos a um aumento do número de participantes, mas sem evolução nos tempos médios. Sinal dos tempos. O cara mal correu a primeira prova de 5K e já está comprando pacote para realizar “o sonho de ser maratonista”.

Não discordo, completar esta distância nos deixa mais perto do divino, mas não podemos esquecer que correr 42 km não é uma atividade simples, que “qualquer um” está apto em qualquer momento. Muitos caem nesta cilada e, pior, não ficam atentos aos sinais do corpo durante o treinamento. Musculação, alimentação saudável, aumento progressivo e sutil do volume semanal, tudo conta. O mais importante: perceber os sinais enviados pelo nosso corpo. Adquirir esta sensibilidade leva tempo.

Vou continuar neste tema mas, desde já, peço que todos tenham cuidado e bom senso ao definir seus calendários. A fronteira entre o muito e o muito pouco é tênue e, na dúvida, seja conservador. Seu corpo vai aplaudir esta conduta.