Golden Four 21km

Foto: Claudio Trabulsi

Justiça seja feita: a Asics Golden Four é a melhor meia maratona do Brasil. A da Mizuno e do Rio também são muito boas, mas quando o assunto é estrutura, organização e “extras”, a G4 vence.

Seja em São Paulo ou no Rio, todo ano desde seu nascimento em 2012 corro essa prova e pude perceber a evolução ao longo dos anos. Ela já começou como um evento pomposo com cerejas que as outras provas não tinham, como as medalhas especiais Top 20 para as 20 primeiras mulheres e Top 100 para os 100 primeiros homens, além da retirada do kit com palestras, lojas com produtos exclusivos, almoço e entre outras coisas.

A única novidade que achei totalmente dispensável foi o envio de mensagens por whatsapp com informações do evento, que vinham com números estranhos. Fiquei bem incomodada quando recebi as mensagens e na minha opnião, e-mail e sms são mais do que suficientes quando queremos comunicar algo a quem não conhecemos,ainda mais se “somos” uma empresa.

A Deborah Aquin, a Debs, pediu pra eu correr o Fábio (marido libriano que nasceu no mesmo dia que eu) porque ele estava precisando de uma pacer. Corremos a primeira metade juntos e ele como bom libriano perdeu todos os sachês de gel que levou – e eu também como boa libriana, dividi com ele o único que tinha, me importando pouco se isso faria ou não falta em algum momento.

Ele ficou cansado e acabamos nos desgarrando no décimo primeiro km. Eu estava me sentindo bem, correndo forte, mas não no limite, e quando isso acontece entro em transe e desligo do que acontece em volta. Quando olhei pro lado já era tarde – e o Aquino já não estava mais.

O sachê de gel dividido não fez falta, já que logo apareceram staffs distribuindo mais. O sol que estava à pino também não incomodava, então continuei correndo forte e encaixada no pace que era possível. Apesar de estar me sentindo forte, feliz e em um dos melhores momentos desde que comecei a treinar com o capitão, fiz a prova em 01:37 e não corri nem perto do melhor tempo nos 21km.

Por outro lado também não senti dor nem cansaço, não quebrei nem desidratei e não tive grandes “ups and downs” de ritmo durante o percurso. O meu técnico Wanderlei disse, no final da prova, que foi um ótimo resultado para essa minha fase de treinamento pois a princípio eu nem ia participar dela. Foi uma prova treino técnico de ritmo. Apenas sorri ao final de sua fala, já que não corro prova como se fosse treino.

Não sei dizer se fiquei com preguiça de fazer força, se me distraí demais e perdi o timing – ou se simplesmente nunca mais conseguirei baixar meu tempo. Entretanto, posso afirmar que essa foi uma das corridas mais gostosas que já fiz.Na reta final estavam me esperando minha filha, meu amor, o capitão, meu cunhado e meu sobrinho, além de muitos amigos queridos e muita gente que não via há tempos.

É muito difícil deixar a vaidade de lado e ficar feliz com outras coisas além de um tempo sinistro, mas é também um ótimo exercício de humildade, sabedoria e sensibilidade.Até porque seja pela idade ou pelas escolhas, uma hora na vida todos nós teremos que aceitar que não dá para bater recordes e ser “mother fucker” para sempre. E nada como exercitar agora pra não sofrer tanto depois, né?