Embale!

Somos criaturas de hábitos. Não tem jeito: o cara faz aquilo que está acostumado. Reclamamos da rotina, mas é ela que dá suporte à nossa vida. A anarquia, como conceito, pode ser muito poético, mas para o corredor, não funciona. Mesmo todo o talento do mundo se perde em meio à confusão. E o mais difícil, tanto para quem está começando, quanto para quem já foi picado pelo bichinho do bem da corrida é criar e renovar esse compromisso com o esporte. Mas e aí, como é que se faz? Vou falar um pouco do meu jeito e das minhas duas regras básicas. Só isso.

Minha primeira regra é ter um plano inicial, de véspera. Programe-se em relação ao horário exato que pretende treinar. Encarar como a prioridade do dia. Parece leviano? Não, é óbvio que rolam várias coisas mega importantes na nossa vida. Mas aí é que está o perigo: se deixarmos a corrida fica para…“amanhã”.

A segunda regra é estar preparado para emergências. E se chover? E se eu perder a hora de manhã? E se sair tarde da empresa? Nosso corpo faz o trabalho, mas é a cabeça que nos leva ao início do treino. Não pode ter desânimo e nem corpo mole. Aí tem que ser faca no dente. Saiba que a única coisa que vai acontecer no seu planejamento é que ele vai furar, nem que seja só um pouquinho. E adapte-se.

A motivação para cumprir o que eu falei aí em cima, cada um sabe a sua. Metas de tempo, de vida. Pode ser por dor ou por amor. Uma prova. Alguns quilos. Aquela calça que está apertada na cintura. A sobremesa do almoço. Nisso, cada cabeça é, realmente, uma sentença. Saiba o que lhe dá mais tesão, o que te faz mover montanhas. E pegue essa onda. Gratifique-se e seja grato. Quando o hábito for maior que todos os motivos, você vai começar a correr sem nem lembrar por que saiu de casa.