Bichos!

Vivo na cidade. Na loucura diária do ir e vir, atenuada hoje em dia por trabalhar em casa. Mas, ainda assim, não deixa de ser uma espécie de confinamento, não é mesmo? Os compromissos fora existem e, dependendo da semana, são muitos e se o assunto é treino, várias surpresas aparecem no caminho, felizmente.

Na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos principais cartões postais do Rio, fica a base, ou seja, a tenda da Equipe Toscano, minha casa na corrida. Em seus 7,5 Km de extensão, totalmente familiares, tem sempre uma coisa para distrair e tornar as corridas mais agradáveis. No meio de tudo, bichos. Muitos! São biguás, garças, mergulhões e outros bicharocos alados que, para quem é apaixonado por animais, fazem o treino virar uma festa!

Depois da curvinha… que isso? Um gambá. Andando sorrateiramente pelo cantinho da pista, próxima ao ponto de decolagem de helicópteros, ele parecia não se importar com o incessante tráfego de pessoas. Quando passei por ele, me deu uma olhada meio blasé e seguiu seu caminho.

Outro dia, além dos suspeitos habituais, uma família inteira de capivaras! Sério, dá vontade de pausar o treino para curtir a interação dessa “galera”. Você passa a meio metro delas e não ganha nem um olhar meio de lado. Estão ali, curtindo o solzinho e se alimentando, calmas e tranquilas. Sigo no treino e, passando bem ao lado do espelho d’água, num trecho mais clarinho, vejo vários peixes! É impressionante como, mesmo com toda a poluição, a natureza insiste em se fazer presente!

Domingo foi dia de longo e muita ladeira na Estrada das Paineiras. Pertinho do Cristo Redentor, que parece abençoá-la, a estradinha é um dos lugares mais agradáveis do Rio para corredores, caminhantes e ciclistas. Em meio à incrível e exuberante Floresta da Tijuca, um sobe e desce energizante e inspirador. Para descansar, cachoeirinhas, ou melhor, bicas para aquela ducha que levanta a alma. Também lá os bichos aparecem, numa boa. “Respeite o meu espaço que respeito o seu”, parecem dizer.

No mesmo treino vi gaviões, macacos-prego e, numa pracinha numa estrada subsequente, um belo quati adulto que degustava uma iguaria num dos bancos. Parei, observei, abençoei e deixei ele ali quietinho. Com tanto mato em volta, eu sabia quem era o dono da área.