Eduardo Srur

Que espaço a corrida ocupa na minha vida? Quarenta mil quilômetros – uma volta na Terra. Peguei gosto por correr recentemente, de maneira espontânea, em São Paulo. Mas meu começo aconteceu na areia mesmo. Sempre gostei de correr na praia. Depois passei a correr no Clube Pinheiros. Um lugar que gosto muito é o parque Alfredo Volpi, que fica no bairro Morumbi.

Corro até me cansar. Corro até suar. Corro até chegar a algum lugar. Mas não estabeleço metas de tempo ou de distância, porque sou muito indisciplinado – até por isso não tenho coragem de

disputar provas. Considero que isso tenha relação com a arte no sentido de não se limitar, de ver até onde se chega. A corrida me proporciona uma relação com a paisagem urbana, na qual busco tanto interferir com meu trabalho. Encaro as duas como coisas espontâneas, livres.


Enquanto me movimento, sou estimulado a refletir. Correr é um momento de você consigo mesmo. Particularmente não gosto de correr com fone de ouvido, escutando música. Eu corro no silêncio. Quando estou na praia, quero ouvir o mar e o vento. Quando estou na cidade, em parques, por exemplo, quero ouvir a natureza

A corrida é uma forma de intervenção urbana – existem provas que param a cidade. Mas a relação que vejo entre corrida e intervenção, que acho muito interessante, é que, para a arte, você precisa desacelerar no tempo; já a corrida te acelera. São duas situações diferentes, mas com uma coisa em comum: provocam seu olhar em relação à paisagem em um tempo diferente ao que estamos acostumados.

Quando viajo a trabalho, sempre dou um jeito de correr. É algo pelo qual tenho me interessado bastante em fazer ultimamente. Por exemplo, ano passado eu estava na Ucrânia e procurei um parque. Agora, na França, fiz o mesmo em Marseille. Corri a costa inteira, pela praia.

Gosto de esportes individuais. Neles, muitas vezes brotam ideias, inspirações ou o princípio de algum projeto. Normalmente corro uma vez por semana, porque cada hora quero fazer uma atividade diferente. Tenho praticado bastante stand-up paddle. Também gosto de surfar e andar de skate.

Em suas obras, Eduardo Srur já instalou garrafas pet na beira do rio Tietê e trampolins às mar-gens do rio Pinheiros (SP). Este mês realiza novas intervenções em São Paulo e Campi-nas, e expõe obra em Marseille, França.