Sem estresse

Está mais que comprovado que a corrida traz inúmeros benefícios para o organismo, inclusive o alívio do estresse. O esporte aumenta a vascularização do cérebro, ou seja, do número de células oxigenadas, o que favorece a concentração e a memória.

A corrida ainda promove a liberação de endorfina, que estimula a sensação de bem-estar e tem ação analgésica. Parece a melhor saída para aqueles dias em que estamos a ponto de explodir, certo? Não é bem por aí. Correr estressado também pode prejudicar sua performance.

Quando estamos estressados, o organismo libera cortisol, hormônio que, em grandes quantidades, pode promover perda de massa muscular e disfunção no organismo. O atleta estressado pode ficar sem disposição, ansioso e irritadiço. Nesse caso, o ideal seria conversar com seu treinador, evitar sessões de alta intensidade e reavaliar o treino. Talvez a melhor opção seja correr por apenas 30 ou 40 minutos (treinos longos também liberam cortisol) com frequência cardíaca em até 75% da máxima.

Correr muito estressado também pode causar lesões. Quando estamos sob tensão, a musculatura fica com uma leve contração isométrica, gerando tensão. Se o músculo permanecer tensionado por dias consecutivos, microlesões ou inflamações podem se formar e as articulações ficam com menor amplitude. Um osso pode se friccionar contra o outro e forçar a articulação, gerando uma lesão.

Você não precisa abortar o treino “naqueles dias”, mas vale dedicar 10 ou 15 minutos para um leve alongamento seguido por um aquecimento para relaxar e já preparar o corpo para o esforço. Além disso, reduza o volume e a intensidade dos treinos quando estiver sob muita pressão.

Fique também de olho no horário em que está correndo. O ser humano acorda naturalmente desidratado, com a taxa de glicemia baixa e o nível de cortisol alto. Se você vai treinar de manhã, hidrate-se e alimente- se para subir as taxas de glicemia. Existem modelos de treinamento em que se indica correr em jejum, mas não sou a favor – acho desnecessário estressar ainda mais o organismo. Se você se alimentar e se hidratar adequadamente, os treinos matutinos podem ser uma boa saída para combater o estresse e reduzir a ansiedade para o dia de trabalho.

Se a gente for pensar em performance, o melhor momento para correr seria no final de tarde. A maioria dos recordes foram batidos por volta das 17h e 18h, horários em que o metabolismo está mais acelerado. Mas, realisticamente, horário bom para correr é o que for viável para cada um. Veja o que se adequa melhor a sua rotina e estilo de vida e não deixe que isso se torne mais um motivo de estresse. Corrida tem que ser diversão, e não obrigação.