Sempre em frente

Por Gustavo Magliocca

“Eu tenho que emagrecer”, “Comigo não tem jeito, tenho que pegar mais pesado nos intervalados”, “Pare com isso, o segredo é volume” Quem tem metas na corrida já deve ter discutido com os amigos sobre a melhor maneira de alavancar a performance. Não estamos aqui falando de competitividade a todo custo, mas simplesmente em querer evoluir no esporte, o que é saudável e natural: quem treina e passa horas da semana no asfalto, nas pistas ou na esteira quer melhorar.

Um bom desempenho no esporte está ligado a diversos fatores além da planilha de treino em si. Ele tem a ver com o que chamamos de aptidão global do atleta, e que compreende desde variáveisbiológicas e psicológicas até socioculturais. As variáveis biológicas, por exemplo, englobam inúmeros aspectos físicos, como o biotipo, a composição corporal, a própria mecânica da corrida e o bom funcionamento dos sistemas energético, cardiorrespiratório, hormonal, osteomuscular e imunológico. Por isso, se a ideia é otimizar o desempenho, o primeiro passo seria identificar e avaliar tais variáveis para, então, criar estratégias que possam minimizar os pontos fracos e maximizar os fortes.

Na verdade, o ideal seria que uma equipe multidisciplinar – formada por médico do esporte, nutricionista, fisioterapeuta etc. – trabalhasse sempre em conjunto com o treinador. Essa equipe faria uma avaliação e um controle da aptidão física do atleta que ajudariam o treinador a planejar e adequar o treino. O técnico faria uso de várias informações, como a composição corporal mensurada pelo nutricionista, os limiares identificados no teste de VO2 máximo (que mede sua máxima capacidade aeróbia) ou de lactato, as limitações funcionais levantadas pelo fisioterapeuta e os déficits motores avaliados pelo médico do esporte em conjunto com o próprio treinador.

O treino é a base da evolução no esporte. Se você quiser melhorar seu tempo, seja nos 10, 21 ou 42 km, é fundamental investir em todo tipo de trabalho: os longos, os treinos de velocidade progressiva e os intervalados. Essa diversidade é importantepara estimular as diferentes variáveis que melhoram a performance. Assim, o corredor consegue aumentar seu VO2 máximo, melhorar sua economia de corrida (sua eficiência em determinado ritmo, gastandomenos energia) e seu limiar de lactato (ponto em que o ácido lático passa a se acumular no organismo de maneira mais intensa), otimizando as respostas fisiológicas ao longo dos treinos e provas. Procurar evoluir deveria ser a máxima não só no esporte, mas em todas as esferas da nossa vida. Mas, para progredir, temos que entender nossa condição inicial e, principalmente, saber identificar os principais pontos a serem trabalhados. Na corrida, procure passar por uma avaliação e manter um diálogo franco com seu treinador. E, assim, construa com ele uma rotina saudável, motivadora e eficiente.