Seu Jorge

FUMEI DURANTE 30 anos, até perceber o quanto o cigarro me faziamal. Como cantor, tenho horários complicados, e minha alimentação não era boa, dormia pouco, bebia, e isso iria prejudicar minha carreira. Correr era uma coisa que eu tinha que fazer, como um processo de restauração da minha saúde. Hoje, faz seis meses que eu treino.

EU MORO ENTRE o Rio, São Paulo e Los Angeles, então a corrida foi uma opção prática para mim. A Fernanda [Keller], minha treinadora, manda as planilhas para onde eu estiver. Apesar de ansioso e querendo correr cada vez mais, sigo tudo o que ela fala, para evitar lesões. Também faço musculação quando dá.

ESTOU PROCURANDO dormir e comer melhor para evoluir na corrida. Tive que mudar muitos hábitos antigos para render nos treinos e por isso o esporte está tomando

conta da minha vida.

NÃO MARCO muito minha quilometragem semanal, mas sei que no mês passado fiz 120 km. Em outubro, aproveitei que estava em turnê pela Europa e fiz uma prova de 10 km em Paris, a Nike We Run. Eu só conhecia o lugar por causa da música, nunca imaginei ir para lá como atleta. Corri no meio de 15 mil, 20 mil pessoas, foi emocionante. Conclui a prova em

55 minutos, meu melhor tempo.

A FERNANDA SEMPRE diz para eu ir com calma, mas coloquei como meta a meia maratona. Estou louco para fazer. Já alcancei 24 km nos treinos, inclusive em um que fui de Ipanema até o Engenho de Dentro, no Rio, até a casa do meu pai. Em um aplicativo para celular, programei a distância – 21 km – e acabei correndo mais. Quando dobrei a rua do meu pai, senti uma emoção, uma realização. “Caraca, eu fiz isso, vim até aqui com as minhas pernas”, pensei. Enquanto isso, minha tia gritava “Jorge Mario, você podia ser atropelado”. Voltei a ser criança!

AMO ESCUTAR MÚSICA enquanto corro. Gosto de Miami Bass, que é um funk da década de 1980, porque tem a pancada que dá o ritmo. Também escuto música clássica e jazz. A clássica me ajuda a criar um cenário na minha cabeça: às vezes estou correndo na Barra e vou para a Alemanha de 1946. Já o jazz me dá a liberdade de apreciar as coisas, olhar as pessoas, a paisagem.