Entrevista a Dana Meltzer Zepeda
Comecei a correr quando fiquei noivo, em 2006, porque queria ser mais saudável. No primeiro treino talvez tenha corrido 200m. Ao longo de um ano em Nova York, cheguei a conseguir dar duas voltas (de 2,5 km) em torno do lago do Central Park. Agora corro de 6 a 10 km, três ou quatro vezes por semana, e faço um longo aos sábados.
Às vezes você vê pessoas correndo e parece que elas nasceram para isso, parecem gazelas. Minhas passadas são pesadas, meu ritmo é irregular, meus tendões, encurtados, e meus passos, curtos. Quando estou correndo, não parece que nasci para isso. Mas eu desfruto da corrida.
Correr é um pouco como escrever. Muitos dizem que não desfrutam do ato de escrever, mas, sim, de ter escrito. É mais ou menos como me sinto com a corrida.
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Depois de anos dizendo “não tenho tempo para fazer esporte”, é interessante ver que foi exatamente no ano em que me exercitei todos os dias que terminei um livro que não havia sido capaz de terminar ao longo dos seis anos anteriores. Não acho que seja coincidência.
Às vezes escuto outros amigos escritores dizerem que costumam ter ideias de enredo ou de diálogos enquanto correm. Essa não tem sido, de forma alguma, a minha experiência. Uma das coisas que me faz gostar de correr é que me dá um descanso de pensar sobre a história.
Sei que alguns corredores não ouvem música porque se supõe que você deve escutar suas passadas. Mas, meu Deus, para mim isso é impensável. Eu amo escutar música correndo porque me permite sair do ar. Sou especialmente fã de Missy Elliott, The Mountain Goats. E sempre haverá um pouco de Johnny Cash, Leonard Cohen, Tegan and Sara e Eve – uma das rappers mais subestimadas.
E aprendi que, se corro com regularidade, os benefícios mentais são enormes. Tenho espirais de pensamentos obsessivos dos quais não posso sair, e psiquiatras me disseram que praticar exercícios regularmente podia ajudar meu transtorno obsessivo compulsivo. Correr me deixa em um estado meditativo. Sinto que me dá uma trégua daqueles pensamentos intrusivos e torna tudo muito mais controlável.
A corrida perfeita é quando, nos últimos 800m, já no caminho de volta para casa, sinto aquele êxtase e aumento a velocidade. Embora corra por diversão, curto essa sensação. Se posso correr 8 km em 45 minutos, eu me sinto simplesmente ótimo.