Batendo o Recorde Pessoal na Meia Maratona de Buenos Aires

Quando a vontade faz a força mesmo nos momentos mais difíceis! Confira

Créditos: Arquivo Pessoal

A corredora amadora Thais Naidelice conta tudo sobre como foi correr a Meia Maratona de Buenos Aires e como ela conseguiu terminar a prova batendo o RP

Meu nome é Thais Naidelice. Tenho 33 anos, nasci em Santa Barbara d’ Oeste e sou advogada. Hoje, trabalho no jurídico imobiliário de uma Construtora. E tenho como hobby o esporte, especialmente a corrida.

Aos 17 anos me mudei para SP e durante a faculdade já possuía o hábito de acordar cedo para me exercitar. Assim, também arriscava algumas corridinhas intercaladas com caminhadas no Parque Ibirapuera, sem compromisso.

E assim a paixão pela corrida foi crescendo gradativamente. Sem pressa e aos poucos.  Comecei então me inscrevendo em algumas provinhas de 5k. Depois naquelas provas em equipe. Em seguida nos 10k e parava por aí.

Só fui fazer a minha primeira meia maratona no ano de 2014, no RJ. Foi aí que me apaixonei de vez!

Conquistada pelos 42K

A distância, até hoje, é a minha predileta. Isso porque acho que é uma distância em que você consegue administrar. Além disso, dá pra encaixar um ritmo legal durante a prova.

Já fiz várias meias maratonas até aqui. E cada uma com uma história diferente. Porque o legal da corrida é justamente isso. Nenhuma prova é igual a outra.

E a minha evolução sempre foi gradativa. Nunca tive pressa para nada, porque acredito que ela realmente vem aos poucos.

Com o suor do seu esforço. E foi assim que sempre gostei. Gosto de viver cada passo dessa evolução, respeitando sempre o seu devido tempo.

Esse ano fiz 3 meias maratonas. Uma delas em Miami, em abril, um dia antes de voltar ao Brasil, onde fui para me divertir, tão somente!

A outra em Porto Alegre, em junho, onde bati um minuto do meu recorde pessoal fechando a prova para 1h39min33.

Foi uma prova dura em decorrência das condições climáticas. Choveu e ventou bastante, o que tornou dificultosa uma melhor performance.

E, por fim, a Meia de Buenos Aires neste último final de semana que, para mim, foi a prova que mais me exigiu esforço máximo.

Como bati meu Recorde Pessoal

Há pouco mais de um mês eu vinha tratando junto aos profissionais da Care Club de uma lesão no pé direito. E eu ainda não estava 100% recuperada.

Mas fui para a prova ciente de tudo que poderia ocorrer. Inclusive, eventualmente não  conseguir terminá-la. Seria hipócrita da minha parte dizer que desconhecia essa possibilidade.

Na largada, a temperatura estava 9 graus. FRIO, mas eu sou suspeita porque me adapto muito bem ao frio para correr. Então no quesito “Climatempo” para mim estava perfeito!

Dessa forma, larguei e fui. No início, fazendo muito “zig zag” em decorrência do grande número de pessoas na prova. Não conseguia desenvolver uma corrida mais alinhada, mas aos poucos foi encaixando.

E quando encaixou foi demais. Demais até o km 15, momento em que senti uma leve pinçada no pé.

Tentei abstrair, diminuí um pouco o ritmo e continuei persistente. E no km 17, quando a dor já tinha intensificado bastante, encontrei meu treinador Marcos Paulo Reis. Ele me estimulou ao dizer que eu ainda estava dentro da estratégia da prova.

Quando eu quase desisti

Mas o km 18 chegou e o bicho realmente pegou. Obviamente as pernas já estavam fadigadas, mas o meu pé não tem explicação. Porque foi o pico da dor e eu não mais sabia o q fazer. Então eu parei, andei e cogitei sair da prova.

Olhei para o relógio e pensei: Mas “poxa, só faltam 3k… é uma volta no Parque Ibirapuera”. O que é isso nos meus treinos? Quase nada!

Então mentalizei uma musica que um amigo meu de colégio disse que cantava quando entrou na Poli, a faculdade de engenharia da USP:

“Não vim até aqui… pra desistir agora… entendo você, se quiser ir embora”… E assim fui buscar os 21k, aos trancos e barrancos!

Quando cruzei a linha de chegada, eu não consegui mais caminhar para buscar a minha medalha. Fui socorrida por um corredor que me carregou até um posto médico.

Lá fui atendida e depois levada pelo pessoal que estava me acompanhando de volta para o hotel.

Tenho a consciência de que talvez poderia ter feito uma prova melhor se não fosse a dor. Mas também tenho a plena consciência de que o meu melhor foi feito.

Assim, eu entreguei essa prova para o meu avô, que faleceu recentemente e me estendeu a mão até o final.

Quem acredita, sempre alcança

Mesmo com os pesares, finalizei a prova em 1h39min20, com mais um RP batido! Esse um pouco mais dolorido, mas faz parte do jogo.

Me sinto vitoriosa. E os agradecimentos mais do que especiais vão primeiramente ao meu médico Dr. Gustavo Magliocca. Pois creio que somente ele realmente sabe o que eu passei e além de médico virou meu psicólogo.

Também agradeço a todos da equipe da Care Club, que sempre me atenderam tão bem. Desde os fisioterapeutas (Saulo, Marcelo…), as meninas do SPA (Barbara, Bianca, Carol) e é claro, a Igor Yokuno, meu professor!

Meus agradecimentos a meu treinador Marcos Paulo Reis, por toda atenção despendida, pelos treinos, pelos feedbacks, pelas orientações. Sempre me ensinando o real significado da evolução.

Também à minha nutricionista Yana Glaser, pela dieta que vem dado super certo nesses últimos tempos e pelas mensagens de incentivo. E por fim, a todo o pessoal da Adidas por esses anos de parceria e confiança. E uma coisa é certa: estou em excelentes mãos !

Obrigada!

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