Vença a preguiça e volte a correr!

Para sair do sofá e voltar a treinar, é preciso ter uma meta bem definida.

A psicóloga Carla Di Pierro explica por que a gente sente preguiça na hora de voltar a treinar e dá dicas de como lutar contra ela. 

Por Carla Di Pierro

Fisiologicamente falando, nosso corpo tem duas metas: a sobrevivência e a reprodução. Por isso, ele armazena energia para essas duas funções básicas.

E como não precisamos mais nos defender de predado­res, temos acesso livre à comida e podemos até gerar descendentes sem fazer sexo, herdamos um problema da nossa história evolutiva: a preguiça!

Hoje nós somos contro­lados pelo prazer imediato. Ficar dormindo debaixo do edredom quentinho é muito mais gostoso que sair para correr às 6h da matina no frio, certo?

Principalmente depois de um período de férias ou de um feriado, em que ficamos só de pernas para cima.

Entretanto, a endorfina e serotonina do exercício só produzem seu efeito se você enfrentar o desconforto de sair da cama. E o condicionamento só aparece com uma rotina sistemática de treinos.

Para os sedentários, a dificuldade é ainda maior. Muitas vezes, o primeiro contato com a atividade física causa dor, descon­forto e até sensação de incompetência.

Isso também acontece com os que já foram espor­tistas, pararam mas querem voltar a treinar. As sensações negativas prevalecem, e o custo desse retorno é muito alto.

Ou seja, é necessário muita persistência, enfrentamen­to de sentimentos negati­vos e muitos dias de treino até o prazer voltar a fazer parte do jogo e se sobres­sair em relação à dor, ao desconforto e à preguiça.

Quem já ficou parado por um tempo sabe como é. A gente praticamente come­ça da estaca zero.

Mas como sair dessa enrascada e voltar a treinar de verdade? Existem duas situações que nos tiram da preguiça e nos colocam em ação. A primeira é quando o momento atual é insus­tentável, tão aversivo que a única saída é enfrentar o que for necessário.

Por exemplo, quando seu médi­co diz que você vai morrer se não fizer atividade física e equilibrar a alimentação ou quando você se dá con­ta de que está no fundo do poço, sozinha e deprimida. A situação aversiva é um grande propulsor de moti­vação nas pessoas.

A segunda situação que pode ajudar a motivar pessoas a treinarem é a capacidade de vislumbrar um futuro promissor, cheio de recompensas, estabe­lecendo metas realistas e objetivas e cumprindo cada passo para chegar até elas.

Quando você é capaz de imaginar e visualizar todos os ganhos de sair da cama cedo e treinar com assi­duidade e se enxerga em um futuro próximo, mais treinada, mais saudável, mais bonita e mais feliz, aumenta a motivação para fazer o que for preciso e enfrentar os obstáculos pelo caminho.

Então olhe ao seu redor e observe as pessoas que já estiveram na sua situação e conseguiram al­cançar objetivos pessoais.

Estabeleça a sua meta pessoal e intransferível. Onde você quer chegar, de que forma, com a ajuda de quem e em quanto tempo? Não perca tempo nem dê sua melhor desculpa. Apenas faça e perceba do que você é capaz.

Carla Di Pierro é psicóloga do esporte e triatleta nas horas vagas. Carla Di Pierro
é psicóloga do esporte formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e triatleta nas horas vagas, desde 1998. Já participou de provas como Ironman Brasil, L’Etape do Tour de France e da Maratona de Paris. Atende na 
Care Club e faz parte do Núcleo de Alto Rendimento do Grupo Pão de Açúcar. Também é responsável atualmente pela preparação psicológica de atletas olímpicos como: Thomaz Belucci (tênis), Thiago Pereira (natação), Adriana Aparecida da Silva (maratona) e Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas).

 

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