Cuidado com a fadiga

Ela é um sinal de que algo está errado

Ilustração: Davi Augusto.

Por Paulo Zogaib*

Você está correndo e sente um cansaço absurdo. As pernas ficam pesadas e a mente diz para você parar. É a fadiga que chegou com tudo. O quadro, apesar de bastante comum, merece atenção, já que traz riscos. Veja a seguir como prevenir o problema, de acordo com o tipo de fadiga que tenta boicotar sua corrida.

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FADIGA CENTRAL

Ela nada mais é que o cansaço cerebral. Quando o cérebro entra em estafa, ele diminui a transmissão dos impulsos nervosos. É como se ele te avisasse: “Ei, tem alguma coisa errada. Pare agora com isso”. Esse tipo de fadiga costuma acontecer em atletas de altíssimo rendimento.

Durante um exercício de alta intensidade ou de grande volume, o cérebro pode entrar em estado de atenção devido a uma queda na quantidade dos combustíveis responsáveis por nossa energia: o carboidrato e a gordura. Por isso é importante investir em uma alimentação de qualidade na rotina e nos treinos e provas. E, juntamente com um nutricionista, estudar uma eventual suplementação.

O treinamento também cria a capacidade de resistir ao alerta de “pare” que o cérebro faz através das dores que sentimos. É no treino que você se acostuma a praticar uma atividade em situações desfavoráveis. Mas é importante ressaltar que, por mais que isso seja algo treinável, estamos ultrapassando limites. E o mais saudável seria prevenir esses problemas e evitá-los. Rendimento extremo é sinônimo de riscos.

FADIGA PERIFÉRICA

Ela é multifatorial, ou seja, pode ser causada por diversos motivos, mas devemos focar no desequilíbrio de cinco deles: o teor de minerais, a quantidade de substratos (combustíveis), a hidratação, a temperatura e o pH das células. A queda dos níveis de alguns minerais, como cálcio, potássio e magnésio – ligados ao impulso responsável pela contração muscular –, e também da quantidade de combustíveis estão diretamente relacionados ao cansaço. Para manter os níveis ideais dos minerais e dos substratos no corpo, é preciso incluí-los na dieta do dia a dia, por meio de oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), verduras, legumes, frutas e carboidratos complexos. A temperatura está relacionada à transpiração do corpo e à perda de calor. E para transpirar sem riscos de perder muita água ou outras substâncias, é importante ter uma estratégia consistente de hidratação.

Quanto ao pH, ele cai quando estamos acumulando muito ácido lático. Para remover o ácido e manter o pH em níveis constantes, é preciso consumir bicarbonato de sódio (adicionado à sua bebida preferida) antes dos treinos e, depois de correr, realizar um trote por alguns minutos ou fazer outro exercício em menor intensidade. Esse procedimento ajuda a desintoxicar a musculatura porque uma parte do ácido lático, que também pode servir como fonte de energia, passa a ser queimada. Outro procedimento é massagear o local, aumentando a irrigação sanguínea e facilitando sua eliminação.

*Especialista em Medicina Esportiva e Fisiologista do Exercício pela Unifesp

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