De olho em 2020

Será que o que eu vivi nos Jogos não passou de um sonho?

Oi, pessoal! Depois de um hiato forçado pela olimpíada, o Fartlek está aqui de novo. Em choque, ainda meio sem acreditar que os jogos terminaram, mas já em compasso de espera pelos paralímpicos. Talvez não haja mais espaço para se comentar alguma coisa sobre o evento mas eu vou arriscar umas poucas considerações que podem, inclusive, me ajudar a sair do estado de entorpecimento em que me encontro desde o apagar da pira, no domingo.

Antes de mais nada, queria dizer que demos show. De simpatia, de acolhimento, de calor humano, de legitimidade. Não houve salto alto, fingimento e nem servilismo. Recebemos os estrangeiros com o olhar do semelhante, mostrando a grandeza do nosso coração. Cena 1: voltando do Engenhão, após mais uma sessão fantástica de atletismo. O trem estava cheio, turistas e moradores, todo mundo misturado. Ao meu lado, um casal de americanos com dois filhinhos pequenos. Uma senhora sentada, muito simples, aparentando uns 70 anos falava em português mesmo, sem a menor afetação, para que os garotos se sentassem com ela no banco. A linguagem dos olhos é universal. Os meninos se espremeram e continuaram a jogar seu videogame como se a cena fosse absolutamente cotidiana para eles. E os pais agradeceram, tocados.

Os atletas, os responsáveis pelo espetáculo, são incríveis mesmo, dentro e fora das competições. Espalhados pela cidade, puderam ser vistos nas mais diversas situações. O desfile dos belos uniformes mudou a paisagem da cidade. Às vezes, via-se delegações inteiras juntas, absolutamente encantadas com o cenário e a hospitalidade da nossa cidade e país. Nos eventos esportivos, o grande encanto de vê-los ao vivo, de pertinho, reconhecendo a excelência em suas práticas, foi simplesmente arrebatador. Cena 2: semifinal dos 5.000m feminino. Abbey D’Agostino tropeça em Nikki Hamblin. Esta volta, ajuda a outra corredora a se levantar e as duas terminam a prova. Isso aconteceu na minha frente, a metros de distância. D’Agostino continuou a prova, dor e lágrimas. E terminou. Ao final, as duas se abraçaram e choraram. Para Nikki, a medalha de Fair Play do COI. Para mim, um resumo do que é mais importante no esporte, grande metáfora da vida.

Agora, se me perguntarem qual a performance mais impressionante do atletismo, digo logo que foi no primeiro dia de competições: a etíope Almaz Ayana, essa fera da foto lá de cima, simplesmente destruiu o recorde mundial anterior dos 10.000m, que durava 23 anos. Eu tive o privilégio de ver a prova ao vivo, absolutamente encantado. Demais!

No penúltimo dia dos jogos, andando de VLT – aquele bondinho com cara meio futurista – pelo Boulevard Olímpico, uma surpresa: uma das estações se chamava “Utopia”.  Seria um sinal de que tudo não passou de um sonho? Para quem ama o esporte, nunca se desejou tanto que o tempo voltasse. E que 2020 chegue rápido, bem rápido.

claudioClaudio Pacheco é maluco. Por corridas, coisas e histórias de corredores. Por tudo que lembra remotamente o ato de colocar um pé na frente do outro e ganhar velocidade. Aliás, ser rápido é o desafio. Ele jura que um dia evolui!

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