Mulheres desistiram menos que homens na Maratona de Boston 2018

Taxa de desistência delas foi menor que dos homens; entenda.

Créditos: Boston Marathon

Mulheres em Boston 2018 se destacaram no quesito resistência nessa edição da Maratona. Por que será?

Debaixo de chuva e com temperaturas congelantes, a Maratona de Boston 2018 registrou um dos piores climas da história da prova.

Entretanto, foi uma das maratonas que mais provou a capacidade das mulheres em resistir e perseverar em condição “excepcionalmente miseráveis”, como reportou o jornal norte-americano The New York Times.

E apesar dos resultados da Maratona de Boston 2018 não terem sido como o esperado, elas surpreenderam.

Enquanto os homens foram os mais lentos desde os anos 70 e a taxa de abandono cresceu em cerca de 80% entre eles em relação ao ano passado, elas foram as que menos desistiram da corrida.

Geralmente, todas as provas de corridas possuem alguma taxa de desistência. Mas, em sua maioria, são as mulheres que tendem a abandonar as provas, segundo a editora Lindsay Crouse, do NY Times.

Mas dessa vez, os homens desistiram muito mais. Em torno de 5% deles desistiram contra só 3,8% delas.

Uma teoria, apontada por Lindsay em seu artigo, é que as mulheres lidam melhor com o clima frio porque seus corpos naturalmente têm mais gordura.

“Em geral, é verdade que o nível de gordura corporal essencial. Ele gira em torno de 3% para homens e 12% para mulheres. E ainda tem a camada de gordura subcutânea sob a pele, que é duas vezes mais espessa nas mulheres que nos homens”, explica ela.

Mas a editora também lembra que, na mesma corrida em 2012, algo excepcional também aconteceu. Em um dia quente, de cerca de 30 ºC, as mulheres também terminaram em taxas mais altas do que os homens. O que nos faz pensar que existe outros fatores que ajudam a resistência da mulher.

E então, Alex Hutchinson, o autor de “Endure”, lembra que os “limites físicos são mediados pelo seu cérebro. Na maioria dos casos, desistir é uma decisão [que pode estar conectada à percepção ou tolerância da dor”, diz ele.

Por isso, as diferenças entre os homens e as mulheres também podem estar em traços da tomada de decisão.

Isso porque as mulheres são mais capazes de ajustar os seus objetivos no momento. Enquanto os homens tendem a pensar: eu não vou chegar até o fim mesmo, então por que continuar?

Mas há ainda uma outra tendência biológica e social feminina que influencia. As mulheres oferecem e buscam apoio nas outras pessoas, explica o psicólogo norte-americano Adam Grant, apresentador do podcast WorkLife, do TED.

Já os homens, simplesmente desistem. Mas “compartilhar a dor e fazer parte de um grupo pode tornar mais fácil suportar a dor”, aponta Grant.

Mas é claro que vale lembrar: “as pessoas que correm a Boston são um grupo seleto. Constantemente, as mulheres são desencorajadas de praticarem esportes e serem competitivas. Então as corredoras que foram para Boston já superaram muito mais obstáculos sociais que os homens para estarem lá. Elas podem simplesmente serem mais resistentes. E, nesse ano, essa força funcionou”, aponta Lindsay.

Portanto, a explicação é simplesmente baseada em gênero, conclui ela. Esta maratona foi a maratona da adversidade.

Isso porque os “melhores lugares para homens e mulheres foram para corredores amadores, que lidam com o treinamento em circunstâncias não ideais em torno do trabalho e da família”, completou.

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