Quanto tempo leva para engordar?

Por Elizabeth Millard, da Runner's World US

Quanto tempo leva para engordar
Foto: Shutterstock

Você come direitinho ma maior parte do tempo, mas no em uma ocasião especial acaba exagerando um pouco. Um deslize pode colocar toda a dieta em jogo? Será que todo o esforço foi em vão? Quanto tempo leva para engordar?

Segundo um novo estudo publicado no American Journal of Physiology – Endocrinology and Metabolism, um curto período de comilança pode afetar mais o seu corpo (medidas) do que os números na balança.

Quanto tempo leva para engordar?

Pesquisadores da Deakin University, na Austrália, recrutaram oito homens jovens e saudáveis, com idade média de 22 anos. Então os colocaram em dietas hipercalóricas em dois períodos diferentes: cinco dias (para representar um feriado) e 28 dias.

Durante cada período de tempo, eles comiam aproximadamente 1.000 calorias a mais por dia do que normalmente consumiam, ou cerca de 46% a mais do que o habitual. Seu peso, massa gorda, açúcar no sangue e níveis de insulina foram medidos antes do início do período de pesquisa e após cada período de dieta. Nessas calorias extras estavam batatas fritas e chocolates, por exemplo.

No final do período de cinco dias, a gordura abdominal dos participantes aumentou em 14%. Mas em outras medidas de composição corporal, não houve muito efeito. De fato, não houve diferença significativa no peso total ou massa gorda.

No final dos 28 dias, porém, a história foi diferente. Após um mês comendo 1.000 calorias a mais por dia, a massa gorda dos participantes aumentou em quase 1,36 quilos. Esse aumento representou um ganho de peso médio de aproximadamente 1,59 quilo.

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Para cada ação, uma reação

Os pesquisadores também observaram que o organismo lida de maneira diferente, de acordo com a situação. Quando há curtos períodos de aumento no consumo de calorias, ele altera o seu metabolismo para favorecer o uso de carboidratos. Isso, na verdade, contraria o que a primeira hipótese dos pesquisadores. Eles achavam que comer demais a curto prazo prejudicaria primeiro o fígado e depois o músculo. Mas essa transição para o uso de carboidratos evita isso, tornando-o um benefício a curto prazo, de acordo com o pesquisador-chefe Glenn Wadley, da School of Exercise and Nutrition Sciences at Deakin University, na Austrália.

“Essa adaptação inicial pode ajudar até mesmo em como seu corpo lida com o açúcar no sangue”, disse ele.Talvez por isso os participantes não tenham registrado mudanças nos níveis de açúcar no sangue (em jejum) depois de cinco dias de exageros. Mas isso não funciona a longo prazo: o nível de açúcar no sangue em jejum foi ligeiramente maior após 28 dias de excessos.

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Sem peso na consciência, mas com cautela

O estudo, obviamente, tem suas limitações. Além de ser uma amostra pequena, ele foi feito apenas em homens jovens. No mais, a situações dos indivíduos antes do período de teste foi extremamente controlada. Primeiro eles ficaram sem bebida alcoólica e sem praticar atividade física por 48 horas. Por fim, no dia anterior ao teste, eles tinham ingerido uma dieta específica contendo 55% de carboidratos, 30% de gordura e 15% de proteína.

Apesar dessas ressalvas, os resultados fornecem algumas dicas sobre como o corpo pode ser capazes de se adaptar a alguns dias de excessos sem prejuízo significativo. “De uma perspectiva evolucionista, é uma forma do organismo se preparar para o próximo período de fome. O que significa que o órgão é bastante inteligente para criar mudanças no consumo de energia com base nas necessidades antecipadas de curto prazo.”

Mas é quando os dias de excesso se tornam semanas ou meses que os problemas podem surgir. Um exemplo é aumento do risco de resistência à insulina. Isso aconteceu quando o corpo não consegue absorver rapidamente o açúcar no sangue. E se os níveis de açúcar no sangue aumentam, as suas chances de desenvolver pré-diabetes ou diabetes são maiores. E, segundo Wadley, os sinais de comprometimento do sistema metabólico podem ser piores, ou pelo menos mais rápidos, se você abusar de uma dieta mais rica em gorduras.

Wadley acrescentou que mais pesquisas precisam ser feitas, particularmente em pessoas de diferentes faixas etárias, assim como mulheres. Mas, por enquanto, isso parece indicar que você pode comemorar sem se sentir mal por isso.

“Não estamos defendendo a compulsão periódica”, disse Wadley. “Mas, do ponto de vista da saúde, comer em excesso durante curtos períodos pode ser suportado pelo corpo sem efeitos a longo prazo.”