NikeWomen Victory Tour: uma meia maratona que marcou

Foto: Guilherme Leporace

*Depoimento de Kauana Araújo, repórter do site e que participou correndo como pacer

Existem dias que corremos por um só coração, mas existem outros que temos a oportunidade de correr por vários outros. Como corredora, vivi momentos marcantes na corrida como quando completei a minha primeira maratona ou quando cruzei a linha de chegada com a minha mãe pela primeira vez, mas posso dizer sem medo de que nenhum desses episódios chegou perto do que senti ao participar como pacer do NikeWomen Victory Tour, corrida de 21km destinada apenas as mulheres que aconteceu pela primeira vez no Rio de Janeiro.

Na tradução no mundo da corrida, ‘pacer’ significa coelho, pessoa que dita o ritmo na prova. Entretanto, no Nike+Run Club, o clube de corrida da marca, o pacer faz um trabalho ainda mais intenso do que ditar o ritmo: ele é responsável por deixar a determinação e a vontade em primeiro plano e deixar escondido tudo aquilo que pode prejudicar uma boa corrida, independente de ritmo. Para que a missão fosse cumprida com êxito, o time NRC do Rio se juntou ao de SP (no qual faço parte) e virou uma grande e divertida equipe pronta para levar a mulherada do começo ao fim desse grande desafio.

Ainda antes da largada, a temperatura batia na casa dos 30 graus fazendo com que todos estivessem preocupados. Natural alinhar em uma prova com alguma insegurança, mas eu como pacer, tentei dizer algumas palavras de conforto à todas que estavam perto de mim. Um dos meus discursos foi sobre corrermos juntas um percurso que mais ninguém irá correr de novo, exceto os maratonistas olímpicos. E é claro, isso realmente fazia com que elas voltassem a se animar e a sentir orgulho de estarem presentes naquele momento. No dia, antes da nossa largada, o Comitê Olímpico das Olimpíadas do Rio organizou o evento teste da maratona e trouxe 16 corredores para validar o sistema de hidratação até o trajeto que era composto por cenários deslumbrantes da cidade como o Aterro do Flamengo – palco de grandes eventos como a Maratona do Rio- e o icônico Sambódromo Marques da Sapucaí, local de largada e chegada.

Foto: Caio Guatelli

Além de frisar a chance única de correr no deslumbrante percurso olímpico que será palco de histórias que serão gravadas na história do atletismo, também ressaltei a grande importância da corrida na vida das mulheres que se descobrem nas passadas, se transformam e ousam ir onde jamais achavam que conseguiriam. Essa prova simboliza sobretudo a força da superação em nossas vidas, seja dentro ou fora do asfalto.

Estive ao lado de milhares de mulheres que a todo tempo pediam ajuda, água e que dessem a mão para fazê-las continuar. Estive ao lado de pessoas que naquele momento tinham uma razão para completar a sua primeira meia-maratona ou a 10ª e seja qual razão for – naquela hora – eu me juntei no mesmo propósito e fiz a prova delas, com elas e para todas elas. Não existia a Kauana corredora: existia a Kauana pacer, de corpo, alma – e coração.

Durante 21km, incentivei, gritei, vibrei, brinquei e sorri para amigas como a Paula Narvaez, blogueira da Runner’s que não só correu muito bem (ficou em sexta colocação) como apesar de sofrer sob um sol forte, comprovou a teoria de que se é assim que fortalece a cabeça e aprende a lidar com as dificuldades.

Vi também a Cidinha Ikegiri – corredora capa da Runner’s World do mês de janeiro – que escolheu essa prova para ser sua estreia na distância e terminou sub 2 horas, mesmo após seis meses de treino com direito a lesão, fisioterapia. Junto a Cidinha, as paulistas qDaniela Guimarães, Charmene de Cara, Mariana Ohira, Patrícia Maísa, Thaisa Silva e muitas outras também cruzaram com louvor, lágrimas e felicidade o pórtico de chegada, me fazendo sentir um misto de felicidade, amor e gratidão indescritível. Hoje o sentimento que fala por mim é de alegria por ter feito muitas acreditarem nos sonhos, por ter guiado-as e por ter feito cada uma acreditar em si mesmas, pois afinal, é isso que move o mundo – e é isso que todas as mulheres meia-maratonistas fizeram: acreditar nelas mesmas!

Fotos: Caio Guatelli