Vivendo no limite

Qual o segredo para encarar uma rotina pesada no trabalho e nos treinos de corrida sem pifar?

Três mil, cento e cinquenta reais. Esse é o gasto anual aproximado de muitos executivos para conciliar uma rotina de atleta com uma carreira de sucesso. Eles não vivem do esporte, mas treinam como se vivessem. Querem resultado. Na corrida e nos negócios. A agenda é lotada, há cobrança constante por performance e as metas na corrida exigem disciplina de atleta de elite.

A grande maioria desses executivos acorda entre 4h30 e 6h30 da manhã para treinar e às 9h já está no trabalho. Muitas vezes o dia não termina às 18h, quando a caneta cai: agora é a hora de encarar a musculação, o segundo período de treino ou ainda algum evento familiar ou corporativo. Então para esses atletas amadores manterem o pique e competirem quase como profissionais, haja café! Sim, essa é a fórmula mágica de boa parte deles. E aí eu explico o número do início do texto. Em média são de quatro a seis xícaras de café por dia. Se cada café custa R$ 2,50, em 12 meses serão aproximadamente R$ 3.150.

Claro que essa turma que prioriza performance na vida corporativa e esportiva está bem assessorada. Há um time de sucesso por trás deles: treinador, médico do esporte, nutricionista. Sim, nenhum deles se acaba no cafezinho sem o aval de um profissional da saúde. E, para lidar com o excesso de trabalho e de treino, todos são unânimes: só com uma agenda muito bem planejada e com muita, muita disciplina. E garantem: mesmo acordando cedo para treinar, o dia com treino é menos cansativo que o sem treino. O sono, eles argumentam, é inegociável. É o momento sagrado, quando o corpo se recupera e fica pronto para novos esforços. Tem que ter hora certa para dormir, sim. Quinze minutos mais tarde podem ser decisivos para você não conseguir acordar para treinar ou morrer de sono após o almoço. E o cafezinho, esse sempre ajuda. Com o aval dos nutricionistas que os acompanham, claro.

Alexandre Kalman é sócio de uma consultoria de recursos humanos, corredor e triatleta, toma de quatro a cinco cafés por dia para ajudar a manter o corpo e a mente alertas durante todo o dia, mas diz que nada substitui uma agenda regrada. Já Roberto Nascimento, sócio fundador do site Suahouse, maratonista com 2h55 e Ironman com 10h01, toma cinco cafés por dia e diz que a rotina pesada de treinos só não interfere negativamente no trabalho porque ama o que faz, no asfalto e fora dele. Já o empresário Roberto Góes tem Ironman para 10h36 e treina todos os dias das 5h às 7h e das 19h às 21h. Dos executivos com os quais conversei, é o único que não tem no café um aliado. Mas, para manter o pique, usa o power-nap: dorme até 20 minutos após o almoço e diz que recupera todas as energias nesse curto espaço de tempo

O que ficou de lição para mim: o café pode ser um excelente aliado para manter o pique, mas não há jogo sem uma agenda milimetricamente regrada, muita disciplina e amor pelo que a gente faz.