Quando me tornei maratonista ao lado do meu pai

O sonho de muitos corredores é um dia correr com aquela pessoa que nos fez ser quem somos. Eu, no dia 29 de maio, pude ver o meu sonho se tornar realidade, quando corri uma maratona ao lado do meu pai, meu exemplo de corredor e pessoa.

Me chamo Bruno Helman, tenho 21 anos e a minha saga rumo a esse desafio começou quando, aos 19 anos, fui diagnosticado com diabetes tipo 1, um tipo raro para alguém com a minha idade, já que a doença costuma se manifestar na infância. Da noite para o dia, minha vida mudou. Foi um período extremamente doloroso, com internações e visitas frequentes ao médico. Mas, depois de algum tempo, comecei a aceitar minha nova condição e a necessidade de ter um novo estilo de vida, junto a uma alimentação mais balanceada. Construí uma relação de respeito e parceria com o meu corpo e assim, fiz a promessa de nunca deixar a doença me vencer e levei isso como lema todos os dias.

Inspirado pelo meu pai Decio, que há 20 anos é corredor e maratonista, resolvi agradecer e recompensar todo amor e carinho que recebi não só dele, mas de toda a minha família de um jeito diferente: correndo uma maratona com ele! No começo do projeto, poucas pessoas acreditaram que daria certo, mas treinei sério e me dediquei. Nunca vou me esquecer dos primeiros 5 km na esteira e de quando começamos a treinar juntos, lado a lado, um incentivando e puxando o outro.

Prometemos que completaríamos juntos nossas primeiras provas, e assim foi: fizemos 10 km no Circuito das Estações Verão, em dezembro de 2014; em seguida, a Mizuno Half Marathon, em maio de 2015, e as 16 milhas de São Paulo, em abril de 2016, como preparação para a Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, que aconteceria no dia 29 de maio. A experiência de treinar ao lado do meu pai nos aproximou mais e fortaleceu nossa relação. Passamos a nos comunicar somente pelo olhar durante a corrida.

Até que chegou o dia da tão esperada maratona. Na noite anterior, estávamos muito ansiosos e agitados, pois sabíamos que não estávamos correndo só por nós mesmos. Na hora da prova, mesmo com todas as adversidades, terminamos a missão juntos, lado a lado, vencendo o calor carioca, a subida da Avenida Niemeyer e a falta de postos de hidratação. Nos últimos 4 km, o apoio do meu pai foi crucial para que eu não quebrasse e persistisse em nosso objetivo. A satisfação de concluir um projeto tão longo e que nos demandou tanta esforço e dedicação foi simplesmente incrível. Mas atingi-lo ao lado do meu melhor amigo tornou tudo ainda melhor. Não importa o pace em que corremos, queríamos completar juntos e foi isso o que fizemos. Recomendo a todos os pais e filhos que passem pela mesma experiência, é algo único! Pai, obrigado pelo privilégio de correr e de me tornar maratonista ao seu lado. E à todos os diabéticos ou aqueles que por algum motivo apresentam algum tipo de dificuldade: acreditem em vocês! Com preparo adequado e acompanhamento médico, todo mundo pode realizar os seus sonhos!