O vilão camuflado

O que você almoçou hoje, e quanto de açúcar havia na refeição? Pode ser mais do que você imagina, graças a açúcares adicionados em alimentos teoricamente saudáveis, como iogurtes integrais, molhos de salada e pão. E é mais açúcar do que você gostaria.

Em 2015, A OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a recomendar que o açúcar represente apenas 10% das nossas calorias diárias. O que, no caso de um adulto, seria algo em torno de 50g ou 12 colheres de chá. A medida seria suficiente para reduzirmos o risco de sobrepeso, obesidade e diabetes. Segundo a entidade, com 5% o impacto seria ainda mais positivo.

A recomendação da OMS abrange o chamado açúcar simples, que eleva rapidamente os níveis de glicose no sangue. Eles se referem ao açúcar de mesa, ao usado em produtos industrializados e também ao presente no mel, em caldas, sucos e concentrados de frutas (mesmo naturais). Frutas e vegetais não entram na conta, já que trazem, sim, açúcar, mas estão repletos de nutrientes como vitaminas, minerais e fibras – que dão sensação de saciedade e retardam a absorção desse açúcar pelo organismo.

Para chegar próximo aos 10% diários, temos dois grandes desafios pela frente. Um deles é tentar sentir mais o gosto natural dos alimentos e das bebidas e maneirar no açúcar. O outro é criar o hábito de ler os rótulos dos industrializados para tentar fugir das pegadinhas. Na lista de ingredientes, aparecem pseudônimos do açúcar, como sacarose, xarope de milho, dextrose, frutose, mel, xarope de bordo e xarope de cana. Se eles estão listados nos cinco ingredientes mais utilizados, é melhor comer outra coisa.

Para descobrir quanto açúcar é adicionado a um produto que já tem açúcar, naturalmente – como leite ou iogurte –, compare rótulos. Por exemplo, 236 ml de leite semidesnatado traz 13g de açúcar. A mesma quantidade de chocolate ao leite com pouca gordura tem 24g de açúcar; tire as 13g de lactose e você ficou com 11g de açúcar adicionado industrialmente.

A prática regular de atividade física melhora o aproveitamento da glicose pelos músculos – algo vital na prevenção da diabetes. Isso pode significar que, como um corredor, você pode “bancar” um pouco mais de açúcar na dieta. Mas adicione você mesmo para controlar a quantidade consumida.

Menos é mais : O excesso de açúcar está ligado a uma série de problemas de saúde

DIABETES Dietas com muito açúcar têm sido associadas à obesidade, aumentando o risco de diabetes tipo 2. Um estudo de 2015 descobriu que o consumo regular de bebidas açucaradas estava ligado a uma maior incidência da doença.

GORDURA VISCERAL Ingerir bebidas açucaradas diariamente está associado à gordura visceral, aquela em volta de órgãos internos. Esse tipo de gordura tem grande interferência na resistência à insulina e no desenvolvimento da diabetes tipo 2.

DOENÇAS CRÔNICAS Açúcar também é um potencial culpado da obesidade, danos no fígado, doenças do coração e câncer. Dietas com alto índice de açúcar aumentam os níveis do colesterol ruim e triglicérides e diminui os níveis do colesterol bom.

APETITE Açúcar refinado mexe com os hormônios que te fazem se sentir satisfeito. Quando você come muito açúcar industrialmente adicionado, não consegue ter a sensação de estar satisfeito e acaba comendo ainda mais