Redenção

Somos cheios de neuras. Manias, medos, tudo isso faz parte de ser bicho que corre. Especialmente antes das provas importantes, não há quem não tema uma lesão ou gripe que possa quebrar toda a planilha. Treinamos tanto e com tanto empenho que nos sentimos os maiores injustiçados quando algo assim nos acontece. Queremos controlar tudo.

Há um tempo, escrevi numa coluna sobre o momento em que esse sentimento foi mais emblemático. Estávamos em 2012, no final de outubro, no finalzinho do treinamento para Nova Iorque. Conversando com minha mulher, lembrei da primeira vez que apareci na tenda da minha equipe, para conversar com a hoje mais que querida guru-técnica, Luciana Toscano. Neste dia, confessei que a falta de consistência nunca me deu a confiança necessária para galgar maiores distâncias e ser um pouco mais rápido.

Logo na anamnese, contei que o meu grande sonho era correr a Maratona de Nova Iorque. Questão de disciplina, disse ela. Só isso e um pouco de sorte. Corta para 2012. Embarcamos para lá e vivemos um pré-prova cheio de dúvidas, onde a compaixão brigava com a decepção do que acabou se tornando real, o cancelamento da prova. Doeu, mas não foi nada comparado à tragédia que, depois, de fato, compreendemos que aconteceu. E suas grandes dimensões.

Este ano, o desafio acabou de renascer. O Pangaré e sua fiel escudeira estarão lá, mais uma vez. NY, here we go again. Agora vai. Lu, conto muito com o seu carinho e com as broncas no meio do caminho. E que Deus nos proteja, aqui e lá. Sempre.