Endurance Challenge

Rio de Janeiro, sexta-feira, véspera de prova. A noite já tinha sido meio complicada com tosse, garganta inflamada, típico início de gripe. Trabalhei de manhã e depois do almoço, partiu Visconde de Mauá. Número na mão, uma olhada rápida no congresso técnico só para ter certeza que ia ser difícil mesmo e bora comer alguma coisa e apagar na cama. Amanhã é dia de estreia nas trilhas!

Na largada, logo no aquecimento, começou a bater uma certa dúvida. Um simples alongamento dinâmico e o cara já fica tonto? Problemas. Mas eu não estava a passeio. Não ia ser a primeira vez na vida que eu correria gripado, muito abaixo das condições ideais. Mas numa trilha o bicho pega. Resolvi encarar e ver o que tinha para sofrer.

Foi duro. Mas muito duro, começando pela distância. Quando me inscrevi, eram 10 km. Depois, a própria organização corrigiu para 11km. Na palestra da véspera, eu já ouvia 11,4 km. Sabendo das minhas condições, resolvi fazer a prova com o regulamento embaixo do braço. Calculei o pace médio e vamos que vamos. O problema é que não bateu nada com nada – e teve que ser na raça no final.

Nas subidas, trilheiros experientes já haviam dito: nada de tentar correr, vai na manha. Compensa na descida e no plano. Mas na primeira grande pirambeira o que não faltou foi sofrimento. Correndo ou andando, o negócio é complicado. Porém a gente sabe que uma hora, termina. Depois disso, foi administrar até o primeiro – e único para a minha prova – posto de controle que não chegava nunca, diga-se de passagem. Isso é que é duro: você se programa, inclusive em relação a hidratação e alimentação e tem que improvisar.

O segundo trecho foi um pouco mais tranquilo, tirando um single track interminável depois da travessia do primeiro rio. E com mais subidas! No final, no meu Garmin, 13.040 m. Teve gente marcando 13.200, 13.400… Cada um com suas tangentes, claro. E isso não foi privilégio nosso. Os 21 viraram 24, os 50, 54 e, nos 80, teve gente marcando mais de 90. Quilômetros. Imagina o sofrimento de você largar às 4:00 e encarar mais de 10K “extras” ao final de um percurso extremamente técnico.

Fechei em 2:05:41, após cruzar o segundo rio, aliviado. Muita gente passou depois do limite de 2:15:00 e merecidamente, recebeu suas medalhas. O mesmo aconteceu com as outras distâncias, para quem não foi cortado nos postos de controle intermediários. A organização deixou muito a desejar, desde o lançamento do evento no Brasil, mas, de fato, a corrida chegou para ficar. Um lindo e duro percurso, num lugar abençoado. Que eles aprendam com todos os erros de 2015 e que, em 2016, tenhamos uma prova realmente incrível. Eu? Totalmente convertido. Não largo o asfalto, mas quero mais natureza.