Hora do chá

Julho, afinal! Faltando exatamente quatro meses para a maratona, chegou a hora de iniciar a preparação específica que vai me levar até o Central Park. Empolgado? Muito! Só tem um detalhe: acabei de entrar na estatística perversa que atrapalha 8 entre 10 corredores a cada inverno. A gripe me pegou de jeito e, querendo ou não, vou ter que tomar decisões difíceis essa semana.

Entre nós atletas é consenso que, se os sintomas estiverem acima do pescoço, podemos ao menos tentar treinar. Diminua um pouco a intensidade e mande bala! Se não se sentir bem, pare e descanse, respeite seu corpo. Às vezes, quando insistimos, o nosso organismo agradece. Mas nunca se estivermos realmente debilitados. Autoconhecimento puro, só ele salva nesses casos!

Já se você sente algo abaixo do pescoço, como dor no peito, febre, dores musculares, tosse insistente, melhor sossegar. Normalmente, isso significa que o seu problema é mais sério e aí não cabe arriscar. E é aí que mora o perigo. Muitas vezes, estamos tão focados em fazer a planilha, num comprometimento ninja, que esquecemos de olhar para dentro e tentar perceber nossa real condição. Lembro de uma vez que insisti, mesmo tendo noção que estava fazendo besteira, e paguei caro: a gripe evoluiu para sinusite e, no final das contas, ao invés de perder uma semana de treino, perdi três. Olha como pode ficar pior.

Logo, se você está lendo este texto e em dúvida se sai ou não para treinar hoje, procure pensar em perspectiva. Avalie com carinho se existe uma preguiça sorrateira tentando se disfarçar de gripe ou resfriado ou se, na verdade, sua bateria está acabando. Se for este o caso, relaxe. Vá para casa, pegue sua Runner’s World, hidrate-se, coma muito bem e tente dormir o máximo possível. É andar um passinho para trás, para não precisar voltar quilômetros. No dia seguinte, você terá um treino a menos na conta, mas estará bem melhor. E mais sábio, com certeza!