A medida certa

Na última edição da Runner’s World americana foi publicado o resultado de uma pesquisa online. Nela, 75% dos respondentes afirmaram sempre usar algum tipo de relógio durante a corrida. Do lado oposto, 7% do grupo disse preferir se exercitar sem nada.

O que mais me chamou a atenção nesses números foi justamente o grupo intermediário, os 18% ocultos que, aparentemente, alternam treinos das duas maneiras. Imagino que, como eu, achem que o caminho da moderação, sempre ele, normalmente é o mais adequado quando falamos de esporte amador.

Antigamente não tinha nada disso. O cara corria até com relógio de ponteiros, só para ter uma noção do tempo que passava se exercitando. Vieram os digitais, os cronômetros e, finalmente, o Polar. Na minha adolescência como corredor, o sonho era ter um, que marcava a frequência cardíaca, além dos tempos dos treinos. Vieram as zonas alvo para os leigos. Contadores de passos. Footpods, lembram? Depois, o GPS para deixar tudo bem marcadinho, correto, científico, cartesiano. E não vai parar por aí, claro!

Canso de ver gente correndo com monitor cardíaco com GPS e levando ainda, de lambuja, um celular com outro aplicativo… com a mesma função! Tem corredor que sai de pochete só para levar o celular e ver a distância percorrida depois. Aliás, é a primeira coisa que faz ao terminar o exercício. A segunda, lógico, é postar.

Não sou retrógrado. Mesmo. Pelo contrário: adoro tecnologia, especialmente aplicada a corrida. Mas será que não damos muito mais importância aos aspectos secundários e esquecemos um pouco da verdadeira essência da corrida? Sair sem saber o destino e a que horas vou terminar o treino continua sendo um grande barato. Não dá para fazer isso toda hora, ainda mais no meio de planilhas específicas para provas mais longas, nem sou louco assim. Mas dá para tentar voltar um pouco para o básico. Back to basics.

O futuro? Estou fora de drone me acompanhando nos treinos para escanear o movimento do meu corpo. Quero limites para tentar encontrar o saudável entre o Forrest Gump e o Robocop que vivem dentro de mim. No fim do dia, que fique a sensação de que corri simplesmente porque quis.