De farol a farol – ou quase!

O final de semana em Salvador começou quente. No sábado, além das altas temperaturas, o clima na cidade estava uma loucura. Pudera: era dia de Ba-Vi, o clássico Bahia x Vitória que mobiliza 11 entre 10 baianos. Para mim, era a véspera da Meia Maratona de Salvador e, entre um quitute e outro, o passeio pelas principais atrações turísticas da cidade ajudou a relaxar para o desafio do dia seguinte.

No domingo, com as bênçãos do Senhor do Bonfim, partimos para a largada, no Farol de Itapuã. Chegamos cedo, a organização ainda nem tinha finalizado os preparativos e a surpresa maior de todas, percebi que o calor e a sensação térmica já eram anestesiantes. Às seis da matina! A prova começou pontualmente às 7 e, pela primeira vez na vida, demorei só 500 metros para perceber que seria muito dura. O sol vinha por trás e a sensação é que corríamos com uma labareda nas costas. “Codidoido”.

Nem que eu quisesse daria para fazer um bom tempo, mas eu estava relativamente tranquilo, pois era dia de cumprir a planilha de Nova Iorque. Claro, faltando 28 dias para a maratona, ninguém é louco de forçar numa prova dessas. Mas o que vi pela frente foi bem mais difícil do que imaginava.

A hidratação estava prometida de 2 em 2 quilômetros já dava pistas. A cada posto, eram duas garrafinhas, alguns goles e um banho completo. E bora esperar o próximo porque a fornalha continuava acesa!

O percurso era plano mas sorrateiro, com algumas subidas marotas que dificultavam mais ainda. A belíssima orla de Salvador era um refresco aos olhos mas, com a total ausência de vento, comprovada pela imobilidade dos coqueiros, não dava mesmo para relaxar e tentar curtir o visual. Neste dia, a cidade famosa pelos seus ventos teimou, fez biquinho e deixou todo mundo no sufoco. No caminho, alguns caídos e outros em ambulâncias, todos muito bem assistidos. No dia seguinte ouvi de um taxista que “essa época é assim, não venta mesmo”. Tolinho eu.

Ao longo da prova comprovei a boa organização, pois tudo funcionou perfeitamente. O kit era ótimo, tinha até meia de corrida, além de outros mimos, como copos e viseira, além de uma bela camisa, num tecido bem legal. O único problema foram as duas estações de isotônicos, já que a bebida não estava gelada. Que corrijam para 2016 e combinem com São Pedro para ventar um pouquinho, coisa que só aconteceu… após a chegada! Incrivelmente, às 9:30 o tempo deu uma aliviada, nublou um pouco e ficou bem agradável. Dava vontade de correr ao contrário – só que não!

A chegada foi no Clube Espanhol e, para fazer jus ao nome da prova, caminhamos até o Farol da Barra, onde fui recompensado com um Açaí delicioso, que quase me fez esquecer o perrengue passado. Resumo: quanto mais difícil a prova, maior a satisfação em completá-la. Pace? Deixa isso pra lá, vai…