Do suor à glória

Um teste que mede nosso nível de hidratação pode fazer a diferença no dia da prova

Ilustração: Barbara Malagoli.

Por Kauana Araújo

Nenhuma jornada rumo aos sonhados 42 km é igual à outra: novas surpresas aparecem para tornar cada trajetória única. Pois um mês antes da Maratona do Rio de Janeiro, minha terceira na cidade e quinta do currículo, fui convidada pelo Gatorade Sports Science Institute, um dos patrocinadores da prova, para participar do chamado Teste do Suor, projeto aplicado inicialmente a corredoras: pela primeira vez o número de mulheres na meia maratona foi maior que o de homens: foram 53% contra 47%. O objetivo era identificar a quantidade de líquidos, sódio e sais minerais perdida no treino e, assim, construir um planejamento individualizado de hidratação.

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Fui instruída a coletar minha urina e a me pesar antes e depois de correr para, em seguida, realizar uma rodagem de no mínimo uma hora. Toda a quantidade de água e bebida esportiva que eu bebi nessa rodagem foi controlada. A ideia era verificar o nível de hidratação antes, durante e depois da atividade e descobrir se eu havia ingerido líquidos de maneira satisfatória.

Por que é tão importante saber se sua hidratação está sendo eficiente? A água é essencial para uma boa regulação da temperatura corporal e para o transporte de oxigênio até os músculos. Quando há desidratação, além de fadiga muscular, ocorre uma grave sobrecarga no sistema cardiovascular e nos rins, que trabalham mais para manter o equilíbrio dos eletrólitos no corpo.

O resultado mostrou que cheguei ao fim do teste seriamente desidratada, já que havia ingerido uma quantidade insuficiente de água antes de começar a correr. O ideal teria sido 480 ml quatro horas antes e 140 ml duas horas antes do exercício e eu só cheguei a esses números depois de conhecer a minha taxa de sudorese – o equivalente a 0,5 litro/hora, considerada baixa – e a quantidade de sódio que dissipei no suor (perdi 368 mg e ingeri 88 mg). O resultado também sofreu interferência da baixa temperatura do ar no dia (se está mais frio, suamos menos) e do fato de eu estar no período menstrual (com uma alta taxa hormonal).

Já a minha ingestão de carboidrato foi considerada boa (12g/hora). O recomendado é que ela seja de 10g/h a 30g/h em atividades moderadas (de até 60 minutos) e 45g/h a 60g/h em atividades intensas (acima de 60 minutos). E assim meu plano para a maratona foi traçado: durante a prova, eu deveria ingerir cerca de 500 ml de líquidos, 49,6 mg de carboidratos e 225 mg de sódio por hora de corrida.

No grande dia, além da estratégia de treino e nutrição, segui o “plano hídrico”. Eu costumo sofrer com cãibras, e nessa prova sofri menos – difícil saber se o Teste do Suor ajudou, já que desempenho em prova é algo multifatorial. Mas eu cheguei inteira e feliz. Agora é torcer para esse tipo de teste, ainda restrito à elite, chegar também aos amadores.