Atletas brasileiros sofrem com calor em Doha

Por Amanda Panteri, da Runner's World Brasil

Campeonato Mundial de Atletismo acontecerá em Doha, no Catar
Foto: Reprodução Instagram / @vitoriarosa200m

30O Campeonato Mundial de Atletismo 2019 começa amanhã (27). Mas o evento, que acontece no Khalifa Internacional Estadium em Doha, capital do Catar, já vem recebendo atletas do mundo todo semanas antes de acontecer. A delegação brasileira, por exemplo, desembarcou na cidade no começo desta semana (22). “O objetivo da ida antecipada é garantir uma boa aclimatação. Ou seja, permitir que todos se adaptem adequadamente ao fuso-horário e clima”, explica Cláudio, técnico de atletismo do Esporte Clube Pinheiros e diretor da assessoria Saúde & Performance. 

O calor, aliás, foi a condição que mais assustou os atletas. Cláudio conta que, na noite de seu primeiro treino pela região, as maratonistas Valdilene dos Santos Silva (Nininha) e a Andreia Hessel tiveram que encarar 34ºC às 23h59. “Com certeza, esse vai ser o grande vilão das provas de longa distância da edição. Seja nas maratonas, marchas atléticas (20K) ou até nos 5 e 10 quilômetros. É preciso ter muito cuidado com a hidratação, visto que haverá um desgaste muito grande”, afirmou o treinador. 

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Cláudio Castilho contou com exclusividade à Runner’s World Brasil como estão os preparativos das duas maratonistas, que são treinadas por ele — ele também foi convocado para integrar a equipe do Brasil no Mundial, mas não pôde comparecer. “2019 vem sendo um grande ano para ambas. A meta delas era estar dentro do Mundial de Doha e dos Jogos Pan-Americanos de Lima, e foi o que conseguiram. Se classificaram por meio da Maratona Internacional Feminina de Nagóia”, ele disse. 

Agora, os três miram alto. O próximo passo é, quem sabe, conseguir uma vaga para Tóquio 2020. O treinador explica que existem dois meios de conquistar o objetivo. O primeiro deles é se o índice de 2h29min30 for atingido pelas atletas. O segundo, a maior esperança das duas, é por classificação no ranking mundial na IAAF. “A nossa chance é pelo ranking. Isso porque, para os Jogos, há uma limitação de número de atletas por país (3), o que elimina muitas africanas”, diz Cláudio. 

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Plano de treinamento

Este ano foi a primeira vez que tanto Nininha quanto Andreia correram três maratonas. Por isso, precisaram de uma estratégia de treinamento diferente da que estavam levando antes. “Pensei em três blocos de preparação. Este último foi o menor, de sete semanas. Agora, o final elas treinam em Doha mesmo”, explica o treinador. E, mesmo sem a sua presença física no evento, ele conta que está acompanhando as meninas constantemente. “Tenho falado com elas dia sim, dia também. Ao chegarem lá, elas ficaram um pouco nervosas com o calor, apesar de eu já ter alertado bastante sobre o clima no Catar.”

E não são somente os atletas que estão preocupados com a temperatura. Cláudio contou que sua equipe está prestando atenção nisso. Tanto que estão até preparando uma estratégia de hidratação nova, tudo para evitar imprevistos. “Não acredito em uma prova forte. A porcentagem de quebras tende a ser grande por conta do calor. Por isso, acho que todos os participantes serão mais conservadores, e o pódio será definido por quem aguentar mais.”

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Outros possíveis destaques brasileiros

Ao ser perguntado sobre o desempenho geral do Brasil no Campeonato Mundial de Atletismo, o treinador explica que, apesar das altas temperaturas serem ruins para os participantes de provas longas, elas podem representar uma vantagem para aqueles que correrão as distâncias menores. “É bom para velocidade. E nós temos o Paulo André esse ano, que correu os 100 metros abaixo dos 10 segundos no Troféu Brasil de Atletismo. Embora o vento tenha auxiliado, acredito que ele consiga repetir a dose, dessa vez para valer, em Doha. E certamente irá para a final.”

As outras apostas do treinador são as equipes do revezamento tanto masculina quanto feminina. Além de Gabriel Constantino, nos 110 metros com barreiras e Darlan Romani, com um ouro no Pan e a segunda melhor marca mundial no arremesso de peso. Ele ainda cita Thiago Braz e Augusto Dutra, no salto com vara, e os atletas das marchas (20K) nas categorias feminina e masculina.

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