Cadência de corrida – Parte III

Não basta aumentar a frequência de passadas, é preciso também focar na qualidade do movimento

Foto: shutterstock.

Bom, agora vamos falar um pouco de qualidade de movimento durante uma corrida com alta frequência de passadas. Já vimos que não basta fazer 180 vezes por minuto qualquer movimento. Temos que fazer 180 vezes ou mais, um bom movimento. Em resumo, isto consiste em sustentar (crescer) e empurrar o chão para trás nesta frequência.

Mas vamos fazer um teste. Estique seu braço para frente e, nesta posição, comece a dobrar e esticar o cotovelo. Comece devagar e vá aumentando a velocidade até chegar no máximo. Você percebe uma tendência a diminuir a amplitude de movimento do cotovelo e um aspecto de rigidez do braço? O braço vai ficando duro.

Leia mais:

Cadência de corrida – Parte I
Cadência de corrida – Parte II

Não podemos deixar que isso aconteça com a passada. Não é vantajoso aumentar a frequência de passadas e deixá-las rígidas. E isto vai acontecer porque tentamos levar o pé para trás e para frente bem rápido. Assim, contraímos alternadamente os músculos que empurram o pé para trás e puxam para frente. Com a frequência muito alta, os dois acabam contraindo ao mesmo tempo e isso causa a rigidez.

Qual a solução, então? Não faça esforço algum de puxar o pé para frente. Deixe que ele volte sozinho. A corrida consiste em empurrar o chão para trás. Pense em empurrar o chão em alta frequência. Não em empurrar e puxar.

Vamos a um exemplo diferente: bater um prego. O martelo vai e vem, mas você só se preocupa com a batida, a volta é “inconsciente” (não é o foco da ação). Na corrida, faça a mesma coisa. Só empurre, não puxe. Aí será possível aumentar a cadência sem rigidez.

Até a próxima. Boas corridas. Cresce!

Cássio Siqueira é supervisor de fisioterapia do esporte do curso de fisioterapia da USP e fisioterapeuta da Care Club, onde trabalha com reeducação funcional de corredores. É formado em fisioterapia na USP, com especialização em fisioterapia no esporte e fisioterapia em neurologia, mestre e doutorando em ciências da reabilitação também pela USP.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here