Triatleta corre para continuar vivo

Kyle Watson foi diagnosticado com doença rara no coração e o esporte pode ter salvado a vida dele.

De acordo com sua mãe, Kyle Watson começou a correr antes de aprender a andar. “Correr sempre foi o meu “negócio” durante toda minha vida”, revela o especialista em tecnologia da informação de 44 anos. Ele completou dezenas de provas – de corridas de 5K até triatlos como o Ironman – desde que começou a praticar esportes competitivamente quando estava na escola.

No caso de Watson, porém, o esporte não é apenas um estilo de vida. O esporte salvou a sua vida. E continua salvando, diariamente.

Depois de terminar a faculdade, em Colorado, nos EUA, Watson se sentia “ótimo e atlético”. Na época, estava começando suas experiências no triatlo. “E aí, de repente, a doença cardíaca surgiu”, revela.

Coração errante

Na primeira vez que disputava um Ironman, em 2007, antes de chegar ao km 15, “tudo veio abaixo”. Watson conta que seus batimentos aceleraram, tornou-se difícil respirar, sentiu dores e uma tontura que o abateu por completo. Ao desistir da corrida, o atleta colocou na conta da “má nutrição”.

Entretanto, nos três anos seguintes, mais episódios como esse voltaram a ocorrer. Entre um médico e outro, apenas em 2010 que Watson recebeu um diagnóstico preciso: ponte miocárdica, condição rara, que significa um defeito nas artérias próximas ao coração. A cada vez que o órgão bombeia sangue para o resto do corpo, acaba forçando e prendendo as artérias, o que repercute no sistema cardiovascular como um todo.

A doença incomum pode passar despercebida – como aconteceu durante quase três décadas no caso de Kyle Watson. Entretanto, por conta dos exercícios intensos aos quais o triatleta se submete quase todos os dias, as artérias afetadas pela condição acabam sofrendo uma espécie de “sobrecarga”, agravando ainda mais o problema.

“Eles me apelidaram de Wolwerine”, conta Watson, referindo-se aos médicos, que afirmavam nunca terem visto um caso tão sério de ponte miocárdica. Eles surpreendiam-se que o corredor ainda estava vivo.  

Correr para viver

Pouco se sabia sobre a doença diagnosticada em Watson. Médicos imaginaram que o estilo de vida ativo e extremo foi o que salvou o triatleta de não sobreviver aos “repetitivos ataques cardíacos” que ele sofre em cada episódio. “O seu corpo é acostumado a funcionar com pouco oxigênio e má circulação do sangue”, informaram os médicos a ele.

Por isso, além de medicamentos inovadores, Watson recebeu a indicação de manter o ritmo de exercício físico e treinamento. “Correr é minha identidade, minha paixão. Se você tirar isso de mim, eu não tenho porque ficar aqui”, afirma. Os ataques voltaram a acontecer, e o atleta optou por uma cirurgia de alto risco.

Deu certo. A operação foi um sucesso e reduziu a gravidade dos ataques. Entretanto, não diminuiu a frequência. “É raro eu passar uma semana sem sofrer um ataque”, diz Watson.

Ainda assim, ele continua treinando e disputando provas. Desde maio, terminou dois Ironman 70.3 (metade do completo) e planeja passar o inverno pedalando na Califórnia. “Eu gosto de me propor metas que sejam desafiadoras e inspirem a mim e a outras pessoas”, conta. “Se eu  puder transformar minhas adversidades em algo positivo, eu posso mostrar para outros pacientes de doenças cardíacas que ainda é possível viver a vida e alcançar coisas incríveis”.

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