Atriz supera depressão com ajuda da corrida: “Minha dose diária de endorfina”

Gabriela Malta, da Runners World Brasil

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Foto: Bruno Marçal/Runner's World Brasil

Na adolescência, a atriz Anajú Dorigon, 24 anos, gostava de caminhar pelas ruas de Valinhos, cidade em que nasceu situada no interior de São Paulo, mas foi há mais de um ano que a corrida, aos poucos, foi entrando em sua vida. O esporte mudou a vida da atriz e, em entrevista à Runner’s World, ela conta como usou a corrida no combate à depressão.

Anajú lembra que a caminhada surgiu por indicação médica, mas o restante de maneira natural. “Tenho um osso a mais no pé, e isso me trazia bastante dor, então o médico recomendou que eu praticasse alguma atividade física que não me machucasse tanto, e a caminhada surgiu assim”, diz.

“É libertador quando você encontra sua atividade física, especialmente se ela for a corrida. Como se trata de uma atividade solitária, você vai acabar aprendendo sobre si mesmo quer queira, quer não. Conforme eu via que podia ir mais rápido, ou correr por mais tempo, percebi que podia transferir essa superação para todas as áreas da minha vida. A corrida me trouxe essa maneira de ver o mundo. Com dedicação, seja no esporte, seja no trabalho, a gente vai longe”, fala ela.

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Anajú corre diariamente e quer completar a Maratona de Berlim. Foto: Bruno Marçal/Runner’s World Brasil

A corrida no combate à depressão

Corpo e mente saudáveis

A corrida ajudou a atriz a superar momentos difíceis relacionados à saúde. Quando sofreu com a depressão, optou por não tomar nenhum medicamento. “Foi uma escolha minha. Senti que conseguiria lidar com o problema apenas com o esporte, e a corrida me ajudou muito. Saía todos os dias, suava e me sentia viva. Era minha dose diária de endorfina”, conta.

Além da depressão, Anajú sofre com a hipoglicemia reativa, uma condição que é resultado de um desequilíbrio entre os níveis de glicose e de insulina no sangue. Entre 1h30 e 3h após o consumo de alimentos ricos em carboidratos, há falta de açúcar no sangue. “Certa vez, tive um colapso e desmaiei na rua, em São Paulo. A sorte é que estava com amigas que me socorreram. Depois do susto, fiz uma bateria de exames e vi que tinha hipoglicemia. Aí comecei a me cuidar ainda mais”, diz. A atriz redobrou os cuidados com a alimentação e passou a levar a corrida ainda mais a sério. “Ela foi crucial para mim nesse momento”, conta.

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Mudanças

Hoje ela consome alimentos de baixo índice glicêmico – que liberam energia aos poucos para o corpo, porque por mais paradoxal que pareça, assim como nos casos de diabetes, é preciso restringir a ingestão de açúcar. Além disso, virou vegetariana há três anos. “Meu treino e minha disposição melhoraram muito desde então, mas alimentação é muito particular. Faz bem para mim, mas pode não ser para todo mundo. Prezo por uma dieta saudável. Minha reposição de proteína vem de suplementação natural: sementes, feijão, lentilha. Às vezes tomo a proteína vegana, mas não sempre, porque tento consumir a maior quantidade de alimentos naturais possível”, fala.

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Nos treinos, ela corre cerca de 10 km por dia, de 5 a 6 vezes por semana, dependendo do ritmo das gravações. Ela faz parte de um grupo de corrida com apoio da Adidas e tem acompanhamento de Will Vargas, treinador do grupo, e do personal Eduardo Melo, com quem trabalha força. “Até trouxe o Eduardo para o mundo das corridas. Meu interesse o contagiou, e ele começou a praticar. Em um mês ele já estava correndo 12 km na esteira”, conta.

“Encaro a corrida como uma meditação em movimento. Tenho acompanhamento profissional, mas gosto de correr sozinha. Como na minha profissão estou cercada de gente e lidando com emoções o tempo todo, na hora de correr coloco meu fone, e essa é minha válvula de escape”, diz Anajú, que participou da última novela das 18h da Rede Globo, “Orgulho e Paixão”.

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Foto: Bruno Marçal/Runner’s World Brasil

Testando limites

Sua estreia em provas aconteceu em março de 2017, onde correu 10 km no Chile. “Não sabia o que era cruzar uma linha de chegada, e agora posso dizer que é uma das sensações mais gostosas da vida. Senti que o esforço valeu a pena”, fala. Meses depois, ela correu 12 km na Colômbia.

As provas eram parte da preparação para um grande desafio: correr os 42 km da Maratona de Berlim, em setembro daquele ano. Por causa de uma lesão no joelho direito, ela teve que ficar afastada das pistas por dois meses “Nos treinos eu já estava correndo 33 km, mas é difícil saber se conseguiria terminar a maratona”, pondera.

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Apesar de não ter realizado a prova, o fascínio pelo mundo da corrida só aumentou. “Não pude correr, mas acompanhei a maratona com os organizadores da prova. Fomos ao Km 7, e via a animação do pessoal, e depois fomos ao Km 40. Deu para ver que quem chegou até ali estava vencendo a distância com a força da mente. Isso me marcou demais.”

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