Depressão em atletas: você não está sozinho

Condição é bem comum entre esportistas e corredores; entenda mais

Créditos: Thoom/shutterstock

Mesmo os atletas mais talentosos do mundo estão sujeitos à depressão. E falar abertamente sobre isso ajuda muito na redução do estigma em torno da condição mental.

Rob Krar e Nikki Kimball se abriram para a Running Magazine e contaram um pouco sobre suas experiências com a doença.

Krar é um lendário ultramaratonista canadense e farmacêutico no Arizona. Ele começou a se destacar rapidamente no esporte, com vitórias em provas longas, com travessias no Grand Canyon, entre muitas outras realizações.

Nikki também é uma ultramaratonista e fisioterapeuta em Montana. Ela possui diversas vitórias em provas longas e já foi até tema de documentário sobre sua luta para realizar a ultramaratona de Vermont, o “Finding Traction”.

Ela treinou forte para as Olimpíadas de Inverno de 1998, quando foi abatida pela primeira depressão clínica aos 22 anos.

Então, a corrida se tornou uma grande parte de sua terapia, e algo de que ela dependia para ter alívio, junto com medicação.

Como Kimball disse a um repórter do South China Morning Post: “Há evidências clínicas de que a corrida funciona de forma mais eficaz do que a terapia medicinal ou psicoterapia nas primeiras três semanas depois que a depressão se instala. O exercício aeróbico durante 40 minutos por dia é tão eficaz quanto o medicamento ”.

Mas Kimball e Krar disseram que não conseguiam sair da cama nos seus piores dias, muito menos correr. E há momentos em que eles simplesmente não conseguem aproveitar os benefícios que a prática oferece.

Por isso, “é preciso desenvolver estratégias eficazes de tratamento”, explica Kim Dawson, professora de Psicologia do Esporte e do Exercício na Universidade Wilfrid Laurier, em Waterloo, no Canadá.

De acordo com ela, “sentir-se um pouco triste depois de uma grande competição ou uma maratona é bom e normal”.

Mas o tratamento da depressão clínica é importantíssimo e geralmente envolve medicação. Por isso, ela ressalta que encontrar o remédio e dosagem corretos pode levar certo tempo.

Como eles lidam com a depressão

Krar se refere à “tristeza esmagadora” da depressão e às crises que podem durar vários dias. Em um curta-metragem intitulado “Depressions”, ele descreve como no passado ele lutou contra isso e tentou negar seu sofrimento.

Para Nikki, há ainda um lado interessante da doença. “A dor que eu sinto no pior momento da minha depressão me faz uma melhor ultramaratonista”, diz ela.

E a dor física envolvida na competição é bastante diferente do sofrimento causado pela depressão, porque na prova, ela sempre tem a opção de parar.

E Krar expressa algo semelhante. “No final de uma corrida, eu abraço essa dor que estou sentindo, mental e fisicamente”, diz ele.

Ambos os corredores levam vidas altamente produtivas, trabalhando, treinando, competindo. E enquanto isso, também gerenciam sua saúde mental da melhor maneira possível.

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