Minha dicas para longevidade no esporte

Veja dicas do treinador Mario Sergio Andrade.

Créditos: ninikas/shutterstock

O treinador de corrida Mario Sergio Andrade conta sua experiência e como ele faz para correr bem e manter a longevidade no esporte.

Eu corro desde os 13 anos. Comecei na época em que era nadador, como complemento para o esporte.

Peguei gosto e, então, durante décadas, corri semanalmente. Alguns anos mais, outros menos, mas sempre corri. Fiz cinco maratonas, umas 15 meias e várias provas de 10 km.

Já me machuquei algumas vezes. Só para brincar com o termo, meu “calcanhar de Aquiles” sempre foi o gastrocnêmio/sóleo, mas conhecido como panturrilha.

Acho que a  minha primeira lesão veio aos 33 anos. Foi a famosa síndrome da pedrada: achei que alguém tivesse jogado uma pedra na panturrilha. Mas o que acontecia ali era o estiramento da musculatura.

Foi um gancho de 15 dias e, depois disso, por não tratá-la da maneira correta, voltei a sentir dores após 6 meses. E, então, depois de 3 meses, mensalmente, semanalmente até que ficou crônica e aí tomei um belo gancho de meses sem correr.

Sem correr e, como todo ex-nadador, ganhei peso e, com peso extra, a corrida machuca muito. Para encurtar a história, fiquei dos 38 aos 48 anos correndo super pouco.

Era muito frustrante, mas nunca deixei de fazer um esporte. Podia ser a natação, minha eterna companheira, um pedalzinho aqui, uma corridinha bem de leve ali.

Até que me enchi e resolvi mudar a chave. Vi  que tinha que fazer algo diferente. Foi  então que conheci o treinamento funcional e as coisas começaram a mudar.

Levei a sério os treinos e comecei também a fazer a liberação miofacial, técnica que trabalha diretamente com a fáscia plantar [do calcanhar até as pontas dos dedos) e ajuda a relaxar e alongar os músculos.

Senti que ali havia, para mim, uma resposta bem legal para o meu corpo. 50 minutos duas vezes por semana já me faziam suar muito e comecei a sentir que estava voltando a ficar forte de dentro para fora.

Continuei com a natação e comecei bem de leve a intercalar caminhada com corrida. Com isso, também comecei a fechar a boca e, sem nenhuma pressa, fui voltando… 3, 5, 8 km…

E eu que achava que não conseguiria mais correr (pelos excessos do passado) começava a ter prazer de novo no esporte que abracei ainda adolescente.

Aonde eu quero chegar? Temos que adaptar nosso corpo às mudanças que aparecem com a idade. Muitas vezes menos é mais.

Treino de força deve ser encarado como Bíblia para o corredor. Já o trabalho miofacial é sinônimo de dar um “restart” no músculo (nada melhor para recuperá-lo). E manter o peso ideal não é uma questão de estética e, sim, de querer durar mais tempo.

Se você colocar em um carro um peso acima do permitido, ele irá durar menos. Então, imagine o nosso corpo. E, por fim, vale alternar a corrida com outras atividades como natação ou ciclismo.

Sei que, quando estamos evoluindo, a vontade de correr e competir é cada vez maior. Mas, hoje em dia, com tanta tecnologia e estudo à disposição, sabemos que nem sempre aumento de volume significa melhora de performance. Quem deseja correr bem e por muito tempo, precisa se cuidar. Hoje e sempre.

 

Créditos: Arquivo Pessoal

Mario Sergio Andrade
é treinador de corrida e sócio fundador da Run&Fun Assessoria Esportiva. Ele foi técnico 5 vezes campeão da Maratona da Disney. Trabalhou no Clube Pinheiros (SP). Também criou a Associação Esporte Solidário, entidade sem fins lucrativos que atende a comunidade carente entorno da USP com treinamentos gratuitos de corrida, além de outros serviços.

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