Como exercícios “conscientes” ajudam a manter a forma e ter mais saúde

É claro que a ideia de um exercício rápido, intenso e eficiente, que fornece resultados instantâneos, se encaixa na maneira como nos vemos: pessoas cujas vidas são as mais movimentadas da história mundial. No entanto, um olhar mais profundo sobre como as pessoas estão se exercitando ou, mais importante, querem se exercitar, mostra uma tendência diferente: um movimento longe da solução rápida, de volta a formas mais lentas (embora não necessariamente menos difíceis) de fitness. São os exercícios conscientes.

Consciente” é a palavra de ordem. “Movimento consciente“, “fluxo consciente“, “controle consciente“, “exercícios conscientes”. Imagine o oposto de lançar seu corpo em uma aula de ginástica em alta velocidade: isso é movimento consciente. Se você está “consciente“, você está fazendo o que está fazendo com precisão e consciência dos mecanismos físicos.

Mais importante, trata-se também de ter consciência suficiente para enxergar o todo, diagnosticando suas necessidades físicas, espirituais e emocionais. Ao sair da sua aula de spinning semanal, você pode perceber, por exemplo, que ainda é uma pessoa estressada, com um ombro ruim, pele sem brilho, tônus muscular desigual, uma coluna toda torta e uma dieta duvidosa.

“Se exercitar uma hora por dia”, afirma o treinador de elite David Higgins, “não substitui a falta de atividade no resto do dia. Não é, ‘OK, eu estou sentada ou deitada por 23 horas do dia e depois vou para a academia por uma hora”. É preciso pensar no corpo como um todo e no dia todo.

Estilo de vida consciente

Higgins foi a primeira pessoa que ouvi usar o termo “movimento consciente“. “As pessoas estão percebendo que não precisam necessariamente se matar para obter resultados importantes e significativos”, ele diz.

Ele ainda afirma que devemos pensar em tudo que possa estar nos prejudicando. Seja a quantidade de luz azul irradiando da tela do seu computador ou a sobrecarga colocada em seus ombros por causa do trabalho em frente à tela. “Leve seus ombros para cima e para baixo. Levante-se e dê um passeio na hora do almoço: tire 20 minutos para você. São as pequenas coisas que farão a maior diferença”, afirma.

O jeito que estamos vivendo não é anatomicamente sustentável, diz ele. Precisamos integrar movimentos conscientes em todas as áreas de nossas vidas: agachamentos laterais em frente à TV; rolando de costas como crianças para soltar as espinhas, para dar dois exemplos.

Ele diz que o HIIT – treinamento intervalado de alta intensidade – é uma solução rápida que pode não ser segura. ” Estou interessado em longevidade, controle postural e estilo de vida sem dor. Vamos ter que olhar um pouco mais para dentro se quisermos viver uma vida mais feliz, saudável e sem dor. ”

Novas práticas

“O exercício consciente, como yoga e pilates, está crescendo em popularidade à medida que o mercado se torna mais educado para o bem-estar holístico. Os consumidores estão cada vez mais sintonizados com seus corpos e o impacto que o exercício consciente pode ter psicologicamente”, afirma Higgins.

Além da ioga e dos pilates, o que mais conta como movimento consciente? LIIT – treinamento intervalado de baixo impacto – seria mais uma alternativa. E um bom exemplo do LIIT seria um treino que mesclasse intervalos de corrida e de caminhada. Há ainda o chamado LISS: um treino aeróbio de 30 a 60 minutos em 60% da frequência cardíaca máxima.

Nessa onda, até os exercícios de alta intensidade criaram seu próprio nicho “consciente”: “recuperação ativa”. Curto e de baixa intensidade, ele visa aumentar o fluxo sanguíneo, o metabolismo e o movimento articular.