Como a fadiga muscular pode realmente afetar seu cérebro

Por Danielle Zickl, da Runner's World

fadiga muscular
Foto: Shutterstock

“Prática leva à perfeição”, diz o ditado. E, como atletas, tendemos a levar esse mantra a sério. Acordamos cedo para registrar nossos quilômetros, vamos à natação, musculação, tudo para ficar mais forte e mais rápido. Mas, de acordo com novas pesquisas, fadigar seus músculos até o ponto de exaustão e pelo exagero – especialmente quando se trata de aprender uma nova habilidade – pode estar prejudicando seu desempenho, não te ajudando a melhorar. Quais seriam então os riscos da fadiga muscular?

Overtraining na corrida: a síndrome da fadiga crônica do atleta 

Efeitos da fadiga muscular

Publicado na revista eLife, o estudo contou com 120 participantes que aprenderam o que os pesquisadores chamavam de “tarefa de força de pinça”. O processo durou dois dias. Os participantes receberam um dispositivo para segurar na mão dominante entre o polegar e o indicador. Quando apertaram o dispositivo, um sinal foi enviado para um computador. Eles tiveram que pressionar o dispositivo com vários níveis de força para mover um cursor na tela.

No primeiro dia, um subgrupo de participantes foi instruído a apertar o dispositivo até que os músculos se sentissem fatigados. (O restante dos participantes não precisou ir até o cansaço). No segundo dia, por sua vez, ninguém precisou chegar ao ponto da fadiga.

Os resultados? Aqueles que tiveram que apertar o dispositivo até que os músculos estivessem fatigados no primeiro dia tiveram mais dificuldade no segundo dia. Enquanto aqueles que não precisaram ir até o ponto de fadiga em qualquer dia tiveram um desempenho melhor no segundo dia. Na verdade, os participantes que tiveram que ir até o cansaço no primeiro dia precisaram de mais dois dias para alcançar o desempenho dos demais.

Além disso, aqueles cujos músculos estavam sobrecarregados no primeiro dia foram autorizados a usar sua mão não dominante no segundo dia. Mesmo assim, foram incapazes de realizar bem a tarefa.

O cansaço interrompe “a formação de memórias após o treinamento”, segundo o co-autor do estudo, Pablo Celnik, diretor do departamento de medicina física e reabilitação da Johns Hopkins University School of Medicine. “Isso sugere que as pessoas que aprendem uma habilidade motora com fadiga muscular podem estar formando memórias erradas. A questão é que, em sessões de treinamento subsequentes, essas memórias são lembradas. Assim há um aprendizado mais lento do que o normal ”, disse Celnik á Bicycling.

Como identificar e se recuperar de um overtraining

Aprendizagem

O que tudo isso significa? Não é só o seu corpo que se cansa depois de praticar infinitamente algo novo, o seu cérebro também. E fritar seu cérebro trabalhando nessa habilidade particularmente difícil pode afetar seu foco e desempenho no trabalho ou na escola.

Então, a questão é a seguinte: se você sente que seus músculos estão ficando exaustos de trabalhar uma nova habilidade repetidas vezes, há uma boa chance de que sua aptidão para aprender outras coisas que não estão relacionadas com a habilidade possa ser afetada também.