Jovem que teve 60% do corpo queimado estreia em maratona

Por Cindy Kuzma, da Runner's World

Foto: Shirley Ryan Abilitylab

Nos Estados Unidos, um jovem que teve 60% do corpo queimado vai estrear na Maratona de Chicago. Beau Zanca, hoje com 25 anos, sobreviveu ao incêndio que tomou a casa em que estava em 2016, mas queimaduras de terceiro e quarto grau o deixaram com marcas daquele dia.

Tudo aconteceu em abril daquele ano, quando Zanca estava na casa de um amigo. Ele caiu do sofá e acordou em uma sala cheia de fumaça. No momento em que abriu os olhos novamente, ele estava no hospital. Lá ele perdeu quase 50 kg, principalmente de massa muscular. Sem contar os três meses em que passou sob coma induzido.

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Desafios e evolução

Em julho, Zanca estava pronto para a fisioterapia.Tarefas básicas, como sair da cama, não podiam ser feitas. Sua pele e muitos de seus músculos, incluindo os de suas panturrilhas, estavam extremamente tensos e sua frequência cardíaca alta.

Por ter jogado futebol em um time, Zanca tem uma mentalidade de atleta e isso ajudou a se recuperar mais rapidamente.

Em agosto, foi transferido para outro centro de recuperação. Durante oito meses, ele passou três horas por dia lá. Foi lá que a corrida surgiu.

Sempre motivado pela competição, participar de uma maratona já havia passado por sua cabeça. Seus ferimentos e a terapia apenas aumentaram esse desejo. Em novembro de 2016, apenas sete meses após o incêndio, ele fez sua primeira prova, de 5 km.

Foto: Shirley Ryan Abilitylab

“Naquele momento, eu soube que correr era para mim”, disse ele. “Eu sabia que iria gostar de correr na Maratona de Chicago. Então foi uma questão do meu corpo e mente estarem prontos para isso”, conta Zanca.

No entanto, se preparar para as corridas não tem sido nada fácil. Sua pele é mais propensa às bolhas. Suas cicatrizes e sua pele são sensíveis ao sol. A pele ao redor da sua axila está impede o seu movimento completo. Devido à fumaça que inalou, ele tosse com frequência e precisa cuidar da respiração. Além disso tudo, as lesões em suas glândulas sudoríparas tornam ainda mais desafiador correr no calor.

Agora, depois de Chicago, Beau quer ir mais longe: melhorar o seu tempo, correr mais maratonas e se classificar para Boston ou Nova York.

“Eu tive azar naquela noite, mas não posso deixar isso afetar toda a minha vida”, desabafa. “Eu realmente tive uma segunda chance, eu poderia estar morto. Sinto que posso fazer qualquer coisa neste momento, o que é uma sensação boa.”