Jovem volta a correr após superar câncer em estágio 4

Por Jordan Smith, da Runner's World US

Jovem volta a correr após superar câncer em estágio 4
Foto: Reece Isenhart

Jovem volta a correr após câncer em estágio 4: Reece Isenhart achava que tinha dor nas costas crônica, mas descobriu um linfoma não-Hodgkin.

O jovem morador de Michigan, nos EUA, sempre gostou de correr, mas a rotina de atacante nos times de futebol americano do colégio e faculdade fez com que ele deixasse a prática em segundo plano. 

Contudo, todos os anos jogando futebol levaram Reece a desenvolver um tipo diferente de lesão em seu corpo. Em seu primeiro ano de faculdade, suas costas começaram a incomodá-lo com frequência. Como achava que a dor era devida ao futebol, simplesmente fazia imersão em uma banheira de gelo antes e depois do treino.

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Então o futebol acabou, e a dor não diminuiu — na verdade, nos dois anos seguintes, começou a piorar progressivamente. Desesperado para encontrar alívio, Reece foi a um especialista, que lhe deu injeções para amenizar o sintoma. No início, elas funcionavam, mas paravam de fazer efeito depois de algumas semanas.

Logo, passar o dia todo sentado no trabalho tornou-se insuportável. Andar, então, era quase impossível.

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Jovem volta a correr após câncer em estágio 4

Reece visitou um cirurgião em Traverse City, Michigan, que pediu radiografias de suas costas. Como o exame não indicava nada estranho, o médico não viu a necessidade de uma cirurgia.

“Foi desanimador. Saí bastante derrotado”, disse Reece à Runner’s World US. “Mesmo assim, continuei pressionando para ouvir uma opinião diferente porque a dor era horrível. Eu não conseguiria viver daquele jeito.”

O sofrimento era tanto que houve dias em que ele precisou ser retirado de seu escritório em uma maca. Não aguentando mais, Reece e sua família foram até a University of Michigan para um segundo parecer.

Na consulta, depois de mais raios-X e um exame, os especialistas confirmaram o que já tinha sido dito: não parecia haver nada que uma cirurgia pudesse ajudar.

Uma semana depois, a situação mudou, e Reece recebeu um telefonema da Universidade. Um problema em potencial nas vértebras L4 e L5,  algoque uma cirurgia poderia resolver.

Na época, ele encarou a notícia com otimismo, afinal, logo descobririam o que estava causando tanta dor.

Reece foi para o centro cirúrgico submeter-se à chamada fusão espinhal no dia 30 de maio de 2017. Ele voltou para casa com cerca de 50 pontos nas costas.

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Linfoma não-Hodgkin

No começo da recuperação, Reece pensou que o problema havia acabado: “Eu podia andar de novo, sem dor pela primeira vez, e comecei a fazer isso diariamente”.

Mas em apenas duas semanas, lá estava ele novamente, saindo carregado do escritório por uma maca. “Foi a pior coisa que eu já senti”, contou. “A dor era constante e só piorava”. Ele voltou a entrar em contato com seu cirurgião e agendou outra visita, que precisou ser feita com uma ambulância.

Os médicos decidiram que seria preciso abri-lo mais uma vez para uma biópsia. Então, em 27 de junho, ele passou por uma segunda cirurgia. Desta vez, não saiu do hospital.

Uma semana e meia depois, veio o diagnóstico: estava com linfoma não-Hodgkin, um câncer que começa nos glóbulos brancos. A doença já havia se espalhado para o abdômen e peito, e era o que estava provocando a dor. Por ter englobado outras áreas, foi considerado um linfoma em estágio 4.

“Eu tive que ler o diagnóstico algumas vezes”, disse Reece. “Estava em choque.” Ele ainda teve que passar por seis semanas de quimioterapia e um mês de radioterapia.

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Aos poucos, ele volta a correr após câncer

Depois da primeira sessão de quimio, Reece conseguiu reduzir a lista de medicamentos que estava tomando para controlar a dor, uma vez que ela já estava bem menor. “Eu me senti como um rapaz normal de 26 anos de idade”, disse.

Ele conseguiu voltar ao trabalho durante o tratamento e começou a andar sem dor pela primeira vez em muito tempo. Foi aos poucos, andando apenas quatrocentos metros por vez, e lentamente aumentando a quilometragem.

“Eu fiquei meio obcecado, me movimentando o máximo que podia”, disse ele. “Caminhava durante meus intervalos do almoço e depois do trabalho. Eventualmente, pensava que ia começar a fazer as coisas que amo, como correr, jogar basquete e andar de patins”. Ele terminou seu tratamento no final de 2017 e está livre do linfoma desde então.

Na mesma época de seu diagnóstico e tratamento de câncer, Reece arriscou uma caminhada de 16 quilômetros. Foi então que começou a pensar em voltar a correr. Logo, ele já estava andando e usando o elíptico quando outras atividades eram muito pesadas. Com relação à corrida, ele completou os 5K quatro meses após o tratamento e, finalmente, completou 10K em agosto do ano passado.

jovem volta a correr após câncer
Foto: Reece Isenhart

Muita determinação (e um pouco de sorte)

Sentindo-se preparado, ele se inscreveu para a prova Bayshore 10k, em Traverse City, Michigan, que aconteceu no último sábado (25). Contudo, recebeu a notícia de que estaria na lista de espera dos participantes. Foi quando um e-mail do Hospital Munson Healthcare, onde recebeu seus tratamentos, chamou sua atenção: o centro estava promovendo um concurso que valia inscrições para a prova.

Para vencer, bastava enviar uma pequena redação sobre o significado da corrida para cada um. Ele enviou um texto detalhando sua história, afirmando que “Fiquei tanto tempo sem conseguir me mover que agora ando quilômetros e quilômetros por horas e horas sem parar”, e que suas “coisas favoritas sobre corrida são os benefícios para a saúde e mente”.

O vencedor seria anunciado na segunda-feira anterior à prova (20), mas, neste dia, a caixa de entrada de Reece permaneceu vazia. Naquela mesma noite, ele correu quase 7 quilômetros, checou seu e-mail uma última vez, mas nada apareceu. Reece achava que ele estava sem sorte.

Na manhã de terça-feira (21), Reece recebeu um e-mail dizendo que ele havia ganhado a tão desejada inscrição. “O que realmente deu esperanças para continuar foi uma combinação do apoio da minha família, que era enorme, meus amigos e minha igreja orando por mim”, disse. “Se minha história puder chegar a uma pessoa… Isso já é ótimo. Se alguém mais estiver passando por isso, saiba que há uma luz no fim do túnel, continue lutando.”