De volta às origens: corremos a Maratona de Atenas

Por André Boccato*

Leitor da RW Brasil conta como foi correr a Maratona de Atenas
Foto: Divulgação André Boccato

O jornalista André Boccato (@andreboccato), chef de cozinha, corredor amador e maratonista, fez uma viagem para a Grécia para vivenciar uma experiência única: correr a Maratona de Atenas, conhecida como a ‘Original’. Confira o relato dele na íntegra:


“Viajar para correr é uma das coisas mais bacanas a se fazer na vida! Conhecer as cidades emblemáticas, os locais onde se realizam as maratonas, e ainda praticar o esporte e o turismo é uma tendência crescente. E ótimo para nós, corredores, pois em geral as provas não são em alta estação.  

É o caso da Maratona de Atenas em novembro, pois os preços caem mais da metade fora do verão e a temperatura está ótima para tudo. Além da cidade ser bem cuidada e hospitaleira nesse período.

Temos apenas uns 100 brasileiros correndo essa prova e quase 50.000 corredores. Certamente, ela merece ser mais valorizada por nós.”

História da Maratona de Atenas

“Os gregos a denominam de a ‘Maratona Original’. Ela é assim chamada porque sai exatamente da cidade de Maratona e vai até Atenas, reproduzindo o mitológico percurso do corredor Fidípides na época da Grécia Antiga.

Leitor da RW Brasil conta como foi correr a Maratona de Atenas
Foto: Divulgação André Boccato

Aqui, tudo é histórico, e é empolgante ver a incrível história da humanidade, pois a civilização ocidental nasceu aqui. Me lembro de um professor que dizia ‘desde os gregos, nada de novo existe na humanidade!’

Ontem, visitando o Partenon, me dei conta como a altura da edificação — espetacular obra de 2.500 anos de idade — reproduz um anseio de uma estatura além de qualquer limite humano. Para que tão alto e monumental? 

Simplesmente para representar algo intangível e maior: a divindade, a alma, a superação do ser, talvez até a transposição dos limites da matéria. Não por acaso nascem os mitos e os voos além dos limites. Tudo isso tem muito a ver com ser esportista e maratonista, afinal superar os limites tem tudo a ver conosco!”

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“Essa minha liberdade poética foi escrita aqui na largada da 33ª edição da corrida de Maratona até Atenas, uma prova de organização impecável. Opa, deu meu horário, está na hora de correr! Vou lá e já volto para escrever como foi. 

Foto: Divulgação André Boccato
Foto: Divulgação André Boccato

Com a medalha no peito (e que linda!), volto a escrever o texto.

Então… Sabe aquela história do tal soldado grego da antiguidade, o Fidípides, que correu da cidade de Maratona até Atenas e depois morreu? Pois eu acabei de descobrir bem porque isso aconteceu… 

A prova vai tranquila até o quilômetro 10. Depois, são 20km de subida sem parar — quase morri igual o grego –, com 10 finais mais fáceis. O percurso termina no Estádio do século XIX que foi usado nas primeiras Olimpíadas da Era Moderna. É muito lindo. Mas a prova é deveras difícil!

E a verdade é que ninguém consegue ver, durante os 42K, as famosas oliveiras, cabras e acrópoles. Isso porque a corrida se passa em uma estrada que se não é atraente, também não é feia, mas as pessoas são muito gentis e calorosas. As bandas, animadíssimas; e a organização, absolutamente impecável, nunca vi igual — a melhor maratona que corri no quesito organização! 

Foto: Divulgação André Boccato
Foto: Divulgação André Boccato

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Postos de hidratação a cada 2,5km, tudo surpreendentemente bem construído. Aliás, como os gregos são ótimos com o turismo! O conjunto da obra vale a pena (a gastronomia é barata e a corrida desafiante). 

O clima nesse período do ano é ameno — nem frio, nem quente –, e os Deuses do Olimpo nos brindaram com uma chuvinha leve para amenizar as dificuldades das subidas aos céus (quase mesmo que eu vou e fico por lá). 

Considerações finais

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Foto: Divulgação André Boccato

A medalha é uma reprodução da batalha de Maratona contra os Persas, 480 anos antes de Cristo. A esses mesmos gregos que criaram estátuas belíssimas, arquitetura clássica e pujante, filosofia e a civilização como a conhecemos, dou a eles os parabéns pela impecável organização. Que a memória deste primeiro corredor seja reverenciada como inspiração e superação.”

*André Boccato é jornalista, maratonista, corredor amador e chef de cozinha. 

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