Como foi meu teste ergoespirométrico depois de anos

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Créditos: Nerthuz/Shutterstock

Entenda o que é o teste ergoespirométrico e qual o resultado da corredora e diretora de conteúdo da editora Rocky Mountain, Andrea Estevam, durante sua preparação para a Maratona de Berlim

A diretora de conteúdo da Editora Rocky Mountain, produtora da revista Runner’s, Andrea Estevam, compartilha como vai tentar bater seu recorde pessoal na Maratona de Berlim.

No post abaixo, Andrea fala sobre seu primeiro teste ergosespirométrico depois de anos. Acompanhe tudo pelo site e por nossas redes sociais. O primeiro post você pode ver por esse link.

Por Andrea Estevam, em busca do seu RP com a Adidas Brasil

Se meu fusca falasse…

Há duas semanas, fui meio feliz, meio tensa fazer o ergoespirométrico lá na Care Club. Meio feliz porque eu estava querendo muito entender melhor quem, afinal, é essa corredora pós-maternidade, de 45 anos, que está reestabelecendo sua relação com o esporte.

Meio tensa porque minha lembrança do último ergo (2007, acho) era péssima. Aquela máscara, a garganta ardendo de tão seca, a dignidade escorrendo pelo queixo junto com a baba, o esforço desesperador…

Então foi um alívio descobrir que a tecnologia e o conforto do teste melhoraram muito nos últimos dez anos. Não tem mais pregador no nariz nem tubo enfiado na boca! A máscara é até confortável, e tem coletor de baba!

Teste ergoespirométrico: como funciona

A Care Club do Ibirapuera fica pertinho do parque e é tipo uma casa dos sonhos para quem gosta de treinar e se cuidar. Tudo lindo, impecável e pensado pros atletas.

Meu ergo foi feito pelo doutor Gerson leite, gente finíssima, que, quando não está avaliando pangarés mundanos como eu, cuida de atletas olímpicos e paraolímpicos brasileiros.

Ele foi aumentando a velocidade da esteira a cada dois minutos, perguntando simpaticamente minha percepção de esforço e acompanhando números numa telinha que eu não conseguia enxergar. Cheguei aos 15 km/h e pedi arrego (no que fui atendida prontamente, ufa).

A análise completa dos dados leva alguns dias, mas ele já me entregou uns spoilers ali mesmo. “Deu um VO2 máximo muito bom!”, disse. Senti meu rosto suado se abrir em um sorriso e a manhã cinza se iluminar.

Essa é a quantidade máxima de oxigênio que meu corpo consegue absorver do ar e utilizar durante o exercício. É a eficiência do motor do meu Fusca. Eu achava que era um número determinado apenas geneticamente (tipo um presente da natureza).

Mas ele disse que não – minha vida de esportes e principalmente os anos de esportes de endurance também contribuíram para aquele número lindo, 53. Atletas de elite têm VO2 máx de 70, em média.

Entretanto, amadoras da minha idade costumam ficar em torno de 40. Gerson também sugeriu que eu perdesse dois quilos até a prova, para ficar mais leve. “E mais rápida”, completou, sorrindo. Eu o conhecia há apenas 40 minutos, mas ele já era meu cúmplice, adorei!

Resultados

Quando recebi a análise completa, alguns dias depois, soube que não estava assim tão bem. Atingi meu limiar aeróbio quando estava a apenas 67% do meu VO2 máx. Um número que, para o doutor Gerson significa “grande potencial de melhora”.

Mas, para mim, quer mais dizer que não está tão bom quanto poderia, e faltando apenas um mês pra Berlim eu dificilmente conseguirei melhorar isso. Já meu limiar anaeróbio chegou aos 81% do VO2 máximo.

Trata-se da maior velocidade em que a produção e a remoção de ácido lático ainda estão equilibradas. Depois disso, o lactato vai se acumulando nos músculos e a fadiga vai ganhando terreno. “Bom potencial de melhora”, escreveu Gerson. 

Bem, esse é o meu Fusquinha. É o motor que tenho para encarar as ruas de Berlim. Pode não ser o mais veloz, mas é ele que vai me acompanhar nessa aventura. 

 

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