Presidente da Polar: ’Você nunca é a mesma pessoa depois de uma maratona’

Igor Meskelis começou a correr em 2010 e hoje comanda a marca que iniciou operação própria no Brasil em 2017

Em depoimento a Patrícia Julianelli

Comecei a correr em 2010 por incentivo do Marcos Paulo Reis, meu treinador até hoje e um ami­go para a vida toda. Eu nadava e achava a corrida um esporte de malucos. Mas queria testar algo novo e fui em frente. Logo no ter­ceiro treino, fui atacado por dois pitbulls e, na queda, rompi os li­gamentos do ombro. Só voltei a treinar em 2011.

Minha estreia em provas foi na Maratona de Berlim de 2011, aos 37 anos, na raça e com muita de­dicação. Terminei em 4h04, cho­rando muito. Mas a competição mais marcante foi a ultramarato­na Comrades, em 2017. Comple­tei os 88 km em 9h10. É emoção antes, durante e depois da prova. Um companheirismo como nun­ca vi antes na vida!

Leia mais:

+ Criativas e originais, ‘Crews’ de corrida movimentam cidades
+ 6 fones de ouvido sem fio para corredores

Corro três vezes por semana, sempre cedo. Hoje as coisas estão mais tranquilas, mas eu costu­mava viajar para o exterior entre 120 e 130 dias úteis por ano. Era literalmente uma “maratona” só para eu conseguir treinar. Um dia, cheguei ao hotel na Cidade do México e havia uma esteira dentro do meu quarto. Tirei foto e mandei para o Marcos Paulo e outros amigos. Não acreditei. Eu ri muito e percebi que não teria desculpa para não treinar.

A corrida me deixa mais feliz, faz de mim um líder melhor e mais resiliente. Vários aspectos do esporte são transpostos para as vidas pessoal e profissional: dis­ciplina, planejamento, trabalho em equipe, superação das adver­sidades. Construir uma carreira é algo a ser feito no longo prazo, assim como a preparação para uma maratona. Amo essa distân­cia, mas posso dizer com certeza: a vida é uma maratona, mas a ma­ratona não é a minha vida.

Eu corro para estar com os ami­gos e escolho as provas para estar com o grupo. Foi na MPR que conheci minha esposa, em um sábado frio após o longo na USP. Nesse esporte eu também busco equilíbrio e longevidade. É o meu happy hour da manhã, com suco ou bebida esportiva.

Em quase sete anos de corrida, conto na mão os treinos perdi­dos. Sigo a planilha à risca. Não treino escondido nem exagero na dose: faço no máximo uns 10s/km mais forte ou mais lento no longão para estar com os ami­gos. Em outubro, completei mi­nha 15ª maratona em Buenos Ai­res. Cada prova tem sua história. Vivo de experiências e aprendi­zados, e correr é mais um deles. E que venha a próxima!