Confira o relato do nosso leitor sobre sua primeira meia maratona, depois de ter feito seu maior longo de apenas 12 Km.
“Nunca fui um cara de fazer coisas por muito tempo. Musicas longas, pulava. Filmes longos, dormia no meio. Cursos longos, abandonava. Relacionamentos, evitava. Bom, com a corrida nunca foi diferente. Treinos, no máximo meia hora. Provas, no máximo 5 km.
Tudo tinha que ser rápido. Exatamente por isso passei a priorizar terminar provas no menor tempo. Logo, meus primeiros 5 km foram em 26 minutos.
Com o tempo e treinos de corrida três vezes por semana (cerca de 24 km no total) intercalados com musculação e personal, fui, aos poucos e sem compromisso, baixando meu tempo, chegando a um sub 20.
Mas aí começou a ficar difícil reduzir esse tempo. Então, achei que estava na hora de buscar novos desafios. Na prova do último domingo, pensei em fazer os 10 km. Afinal, já tinha percorrida essa distância duas ou três vezes.
Entretanto, resolvi me jogar e tentar fazer uma meia. Não tinha planejamento nenhum. Na verdade, eu tinha. Não vinha de um treinador de corrida, mas de muita conversa com corredores mais experientes e leitura no site da Runner’s.
Havia me inscrito alguns meses antes e esquecido. Até que sábado caiu a ficha e fui buscar o kit da 19ª Meia de SP. Arrumei a camiseta e o numero umas três vezes. Também experimentei todos os tênis e fui dormir tenso.
Domingo, acordei de madrugada (5h30) e com o tempo chuvoso – combinação que faria muito principiante desistir. Mas já tava de pé mesmo e fui. Sair do carro direto na chuva é uma sensação bem ruim.
Você fica frio antes de correr e, claro, isso me deixou mais tenso. Lembro de escutar o cara da organização falando alguma coisa, mas era um ruído perto da preocupação de não conseguir acabar a prova.
Não consegui chegar na minha baia de largada e, como não queria fazer tempo, larguei atrás mesmo. Comecei com um pace de 6:00/km, algo bem fraco no meu caso, mas foi o que consegui imprimir para passar a muvuca inicial e sentir meu corpo.
Logo no Km 1, a galera se dispersou e consegui achar um ritmo bem confortável de 5:30/km. Segui assim até uns 5 km e me senti bem pra ir pra 5:20/km. Foi aí que vi a placa que dividia a prova de 7 km pra de 14 km e de 21 km.
Aí sim a prova ficou legal! As pessoas se dispersaram e eu consegui seguir no meu ritmo sem precisar desviar de ninguém.
Esqueci de tomar o gel no Km 7 como haviam me recomendado, só tomei no Km 9, mas estava tudo bem, tranquilo. Segui assim até o Km 15, quando tomei meu segundo gel.
A música que tinha escolhido na noite anterior, quando não conseguia dormir, estava perfeita e eu estava super bem. Então percebi que dava para acelerar mais e decidi que não ia mais olhar meu relógio. Ia só curtir e correr o quanto achasse que conseguia.
Acelerei e fui embora. Quando percebi, estava entrando na Av. Pacaembu e faltava só 1km pra chegar. Lembro de rir sozinho. Aí usei o quanto me restava de energia pra acabar no menor tempo possível.
A sensação de ver a linha de chegada foi demais, algo que nunca tinha sentido em nenhuma prova. Mas o melhor estava por vir. Quando reparei no relógio da prova eu comecei a rir: ele tava marcando 1h45 e uns quebrados.
Desacreditei. Passei e fiquei sentado rindo: tinha feito minha primeira meia num tempo muito melhor do que imaginava.
Fiz aquela caminhada da felicidade de pegar água, frutas e a medalha. Foi quando chegou um SMS dizendo que terminei a prova em 1h44min05. Ou seja, meu pace ficou em 4:56/km.
Ainda não gosto de coisas que demandam muito tempo, mas depois dessa prova posso garantir que essa felicidade da primeira meia sub 5:00/km vai ser bem longa e eu estou adorando”.
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