Sintomas de infarto são os mesmos em homens e mulheres?

Por Danielle Zickl, da Runner’s World US

Sintomas de ataque cardíaco em homens e mulheres
Foto: Shutterstock

Você já deve ter ouvido falar que os sintomas de ataque cardíaco são diferentes para homens e mulheres. O que se acredita é que enquanto eles sentem uma dor aguda no peito, elas recebem sinais não tão óbvios assim — como uma simples indigestão ou dor nas costas. No entanto, uma pesquisa recente, publicada no Journal of the American Heart Association, parece provar justamente o contrário. 

No estudo, os cientistas avaliaram os sintomas de 1941 pacientes (dos quais 39% eram mulheres) que deram entrada na emergência do Royal Infirmary of Edinburgh, um hospital da Escócia. Todos eles estavam com sinais claros de síndrome coronária aguda — um termo genérico para situações em que o fornecimento de sangue para o coração foi subitamente bloqueado. 

Desses pacientes, 284 (90 mulheres e 184 homens) foram oficialmente diagnosticados com infarto do miocárdio NSTEMI. Ele é o tipo mais comum de infarto, e acontece quando a artéria coronária fica parcialmente entupida. 

Sintomas de ataque cardíaco súbito em corredores

Como a hot yoga pode ajudar o seu coração

Afinal, é verdade que o coração para quando espirramos?

Sintomas de ataque cardíaco

Os pesquisadores então dividiram os sintomas de ataque cardíaco em dois: típico ou atípico. Os sintomas típicos incluíam dores no peito, braço e mandíbula. Além de uma certa pressão, aperto ou esmagamento nessas regiões. Também foram considerados sintomas típicos: náusea, vômitos, sudorese, falta de ar ou palpitações. 

Já a dor atípica incluía a presença de dor nas costas, dor epigástrica (azia), queimação no estômago ou indigestão. 

Resultados

A descoberta? A dor no peito foi o sintoma mais comum em ambos os sexos. Cerca de 93% dos homens e mulheres queixaram-se dela.

Apesar da crença popular, homens foram os que mais experimentaram sintomas de ataque cardíaco atípicos. Foram 41% de homens contra 23% de mulheres. E elas foram as que mais tiveram os típicos (35% delas contra 22% deles), como a náusea (34% versus 22%), dor na mandíbula (28% versus 20%) ou nas costas (31% versus 17%).

Ambos os sexos têm menos probabilidade de ter sintomas de ataque cardíaco na região dos braços: 36% das mulheres e 31% dos homens.

De acordo com Amy Ferry, principal autora do estudo, três coisas diferenciam esta pesquisa das anteriores.

Primeiro, os diagnósticos de ataques cardíacos foram baseados nas diretrizes mais recentes sobre o assunto. Se fossem as diretrizes anteriores, apenas 1 em cada 3 mulheres entraria no estudo, o que significa que muitas não seriam incluídas. 

Segundo, Amy e seus colegas usaram apenas os sintomas relatados pelos pacientes antes de eles serem oficialmente diagnosticados com um ataque cardíaco. E não coletaram os dados dos prontuários médicos. “Isso garantiu que os sintomas fossem registrados conforme o paciente os descrevia. E que não fossem submetidos à interpretação do médico avaliador, ou então traduzidos para terminologia médica”, disse ela. Ou seja, os sintomas de ataque cardíaco que os pacientes tiveram não foram influenciados por diagnósticos posteriores. 

Terceiro, o estudo incluiu uma ampla amostragem de pacientes com suspeita de ataque cardíaco. “Estudos que se baseiam em populações com ataques cardíacos já confirmados correm o risco de excluir muitos sintomas”, disse Amy.

Conclusões

No entanto, isso não quer dizer que se homens e mulheres experimentam sintomas de ataque cardíaco diferentes dos descritos no estudo, eles não terão um infarto. 

“O infarto pode apresentar muitos sintomas diferentes tanto em homens quanto em mulheres”, explicou Amy. “O mais comum é dor no peito, mas também pode aparecer incômodos nos braços, pescoço, costas ou mandíbula. Além disso, alguns pacientes podem sentir náusea, vômito, sudorese, falta de ar ou palpitações.”

Enquanto a dor no peito foi o sintoma mais comum de ataque cardíaco para mulheres e homens, 41% dos homens e 23% das mulheres tiveram sintomas atípicos, como azia, dor nas costas ou queimação. Resumindo, nada deve ser ignorado — é preciso ir ao hospital em qualquer sinal.