Tecnologia: do que realmente precisamos?

Adoramos novidades, mas será que não está na hora de praticar o desapego?

Para a criança, os brinquedos e os jogos – principalmente os eletrônicos para as gerações mais novas – são o grande lance. Mas isso não muda tanto assim na idade adulta. A gente cresce, envelhece e os gostos mudam, trazendo sofisticação e mais tecnologia. E o corredor, nessa história? Mesma coisa. Fazendo uma avaliação bem de orelhada, acho que 8 entre 10 adoram brinquedinhos. Tem gente que tem vários – acreditem se quiser – relógios esportivos. Bem, cada um, cada um, dentro do seu desejo e possibilidades, certo? Mas do que realmente precisamos para sermos felizes na corrida?

Acabei de ver um vídeo de um tênis da Nike que adapta o cabedal automaticamente, através de um motorzinho, abastecido por bateria recarregável. Incrível! Para quem ainda não viu, dê play no vídeo abaixo e comece a sonhar. Aqui, estamos falando de ajustes de conforto, mas já dá para pensar em equipamentos que possam, de maneira similar, trabalhar como órteses, para correção de pisada. O tema é polêmico, porém conheço muita gente boa que jura de pés – ops, foi mal! – juntos que o melhor é sempre usar tênis neutros com palmilhas corretivas, se necessário. Imaginem a loucura se já tivéssemos, de fato, esse produto no mercado? Tentador, não?

https://www.youtube.com/watch?v=1xcxn7pOYCg

Comecei falando de tênis porque ele é sempre o grande fetiche em nosso esporte, mas… falando sério, o cardápio de roupas, acessórios e gadgets está cada vez maior! Se acreditássemos em todas as promessas das marcas e comprássemos tudo loucamente, teríamos que nos mudar para casas maiores e trabalhar dobrado para as contas fecharem! E aí entra uma questão que já comentei por aqui, mas deve ser sempre revisitada: o desapego.

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Entre ter tudo e ter o necessário existe um gap imenso que deve ser preenchido de acordo com o bom senso de cada um. Qual o sentido de acumular loucamente? Tudo bem que é bom ter opções e, para quem pode, faz todo o sentido ter uma mínima variedade, especialmente de roupas, até por uma questão prática, em relação ao lava e seca do dia a dia. Mas querer possuir dezenas de peças semelhantes não é apenas desnecessário, como também injusto para a natureza. As coisas tem um preço, não existe almoço de graça e, consumindo excessivamente, prejudicamos o meio ambiente onde vivemos. Vale para tudo, principalmente eletrônicos.

Entre a vaidade e a necessidade, não existe um único caminho, que sirva para todos. Ninguém está livre dos impulsos e, obviamente, produtos como o tênis citado acima vão sempre provocar emoções fortes. Pessoalmente, adoro conhecer as novidades. Hoje em dia, no entanto, busco uma vida mais frugal, tranquila e sustentável. Sempre há tempo para reavaliar nossas escolhas. Uma dica? Tire 20% do que você gasta em equipamento e doe para uma instituição de caridade. O mundo agradece.

Claudio Pacheco é maluco. Por corridas, coisas e histórias de corredores. Por tudo que lembra remotamente o ato de colocar um pé na frente do outro e ganhar velocidade. Aliás, ser rápido é o desafio. Ele jura que um dia evolui!