A vida por um fio

Dentre outros acontecimentos lamentáveis, ano passado foi o atropelamento na USP pelo motorista bêbado e ontem, o assassinato do ciclista Jaime Gold na Lagoa Rodrigo de Freitas. E quanto ao amanhã: devemos simplesmente desistir de praticar esporte? Ou devemos virar ciclistas e corredores-hamsters de esteiras e rolos?

Não é nova essa situação, e não é novo o medo que sentimos diariamente (nós mulheres ainda mais) ao sair para treinar. O ato de fazer uma oração ao calçar os tênis pedindo proteção nunca deixou de fazer parte da minha rotina, mas além de orar procuro fazer também minha parte para tentar reduzir os inevitáveis riscos que corro diariamente ao sair para correr.

Sei que não posso contar com a segurança pública, que infelizmente estamos longe do cenário ideal, mas não vou deixar de fazer o que gosto por medo de morrer e não voltar para casa.Quando me perguntam como consigo correr sem música, a primeira coisa que falo é sobre a segurança. Claro que é uma delícia correr ouvindo um sonzinho, curtindo a vibe, mas não podemos negar que isso tira a atenção e na hora em que corro que é quase de madrugada, não posso me dar ao luxo de me distrair e “curtir a vibe”.

Meus olhos e meus ouvidos estão o tempo inteiro ligados, só escuto o barulho da minha respiração e a qualquer sinal de movimento novo meu corpo e minha cabeça já percebem.

Claro que isso não é muita coisa se formos pensar na proporção, que em muitas situações não terei mesmo como me defender, mas acredito na redução dos riscos e que toda e qualquer atitude que possamos tomar para realizar essa prática pode fazer diferença. Infelizmente não consigo mudar muito minha rota, mas se você consegue esta também é uma boa atitude.

Assim como levar documento, usar roupas coloridas que te façam ser vista, cumprimentar as pessoas com quem você cruza todo dia e sempre ter alguém que sabe que você saiu para correr.

Outra coisa importante é seguir sua intuição. Se você tá sentindo que não é pra ir não vá! Já passei por isso algumas vezes e sempre respeito quando algo me diz para ficar esperta. Nunca estaremos 100% seguras, mas fazer nossa parte é obrigação.

Namastê!